Política brasileira pode decidir juros, mostra classificação de mercado

Por Davison Santana.

O Banco Central brasileiro precisa aumentar as taxas para reprimir a inflação, mas dúvidas sobre a sua margem de manobra levaram os mercados a precificar uma perspectiva mais moderada. A inflação bateu 10,7 por cento em 2015, maior valor em 13 anos – muito mais do que a meta de 2,5 a 6,5 por cento – e é uma preocupação para o presidente do Banco Central Alexandre Tombini. Atas de reuniões da política monetária de dezembro sinalizaram que o banco está pronto para aumentar os custos dos empréstimos para combater uma situação fiscal em deterioração, assim como a incerteza política e econômica.

Mas desde que essas atas foram liberadas, alguns comentários do Banco Central menos agressivos e temores crescentes de pressão política sobre Tombini reduziram a quantidade de aperto na precificação para este ano.

Traders preveem um aumento de 195 pontos base no Brasil ao longo das próximas seis reuniões, de acordo com as taxas de juros de mercado implícitos. Esse valor é bem abaixo dos 285 pontos base de 14 de dezembro.

Os investidores estão focados no ministro da Fazenda recém-nomeado Nelson Barbosa. Mesmo que ele tenha declarado publicamente total autonomia ao Banco Central para gerir a política monetária e controlar a inflação, alguns temem uma abordagem mais moderada, como defendeu quando ministro do Planejamento, principalmente nos debates sobre a meta fiscal de 2016.

Desde que tomou posse, Barbosa se comprometeu a lutar contra a deterioração fiscal e a reforma da segurança social. Estas palavras não são o suficiente para convencer o mercado até que ele desvende políticas específicas.

A maior preocupação é que o governo passe a realizar maior estímulo econômico para impulsionar a construção e relançar o crescimento, sem entregar o equilíbrio fiscal prometido.
 

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Isso marca um retorno às políticas vistas durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o que pode acabar por repelir os investidores se o governo aumentar significativamente a sua participação na economia.

O real atingiu uma baixa de três meses de 4,05 ante o dólar em 11 de janeiro, não muito longe da calha de todos os tempos de 4,18 vista em setembro. Quaisquer sinais de aperto nas taxas antes ou no dia 20 de janeiro, dia da decisão, poderiam desencadear uma nova rodada de fraqueza da moeda.

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