Pombos do Fed são agora dissidentes com aproximação de alta

Por Christopher Condon.

Os falcões estão dentro e os pombos, fora. Pelo menos no momento.

Advertindo sobre os riscos para o mercado de trabalho, céticos em relação à eventual alta da inflação e preocupados em relação ao crescimento global, os responsáveis pela política monetária do Federal Reserve que estão ansiosos para adiar um aumento das taxas de juros se viram fora de compasso em relação à maioria de seus colegas na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), nos dias 27 e 28 de outubro, segundo as atas publicadas na quarta-feira em Washington.

“Os pombos perderam”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Mesirow Financial Holdings em Chicago. E essa derrota ocorreu, segundo ela, antes da publicação de um relatório sobre empregos melhor que o esperado para outubro que deu mais evidências sobre a solidez da economia americana.

Na declaração posterior à reunião de outubro, os responsáveis pela política monetária do Fed deixaram claro que seria considerado um aumento das taxas de juros na “próxima reunião”, agendada para os dias 15 e 16 de dezembro. O sinal inusitadamente direto ajudou a elevar as expectativas dos investidores de que o Fed aumentará sua taxa básica de juros pela primeira vez em quase uma década.

Maioria dos participantes

A ata revelou que “a maioria dos participantes” concordou que as condições que provocariam um aumento das taxas “poderiam muito bem ser atingidas na época da próxima reunião” e que “alguns” achavam que essas condições já haviam sido atingidas. Isso deixou “alguns outros” argumentando que era “improvável que a informação disponível para a reunião de dezembro justificasse uma alta”.

A resistência minoritária também apareceu quando o comitê debateu como redigir sua declaração sobre a política monetária do dia 28 de outubro e se deveriam incluir a referência explícita à “próxima reunião”.

Embora um número não especificado de membros considerasse que no fim das contas os termos deixavam abertas as opções do comitê em matéria de política monetária, “alguns deles manifestaram o temor de que essa mudança na redação pudesse ser mal interpretada e sinalizasse muito fortemente a expectativa de que taxa seria elevada na próxima reunião do comitê”.

Três membros

Laura Rosner, economista do BNP Paribas para os EUA em Nova York, disse que os pombos resistentes provavelmente sejam os governadores Lael Brainard e Daniel Tarullo e o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans.

Provavelmente foi o mesmo grupo — identificado alternativamente como “um par”, “poucos” e “alguns” — que apontou um declínio nos indicadores do mercado para as expectativas de inflação, argumentou que “os riscos de queda do exterior ainda eram significativos” e se preocupou manifestadamente com a fragilidade dos relatórios de emprego de agosto e setembro.

Em cada um dos casos, as visões mais otimistas saíram vitoriosas. O centro do comitê manteve a visão de que a inflação provavelmente voltaria à meta de 2 por cento do Fed a médio prazo e concluiu que os riscos globais haviam diminuído significativamente desde que as preocupações com a China turvaram os mercados financeiros em agosto.

Apesar de não ter conseguido persuadir o Fed a aumentar a taxa de juros em outubro — fato que o levou a divergir pela segunda reunião consecutiva — o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, está alinhado à postura de consenso do FOMC antes da reunião de dezembro.

“Ele vem esperando nesta posição há um tempo suficiente longo e a decisão está chegando até ele”, disse Michael Feroli, economista-chefe do JPMorgan para os EUA em Nova York.

Contudo, Feroli enfatizou que a mudança no comitê reflete como a economia evoluiu com o tempo e não sinaliza nenhuma mudança mais profunda nas filosofias dos membros do FOMC que colocará os falcões no controle da política monetária.

“De uma forma geral, os participantes concordaram que provavelmente seria adequado remover os estímulos de forma gradual”, disse a ata.

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