Por que críticos dizem que Da Vinci de US$ 450 mi é falso

Por James Tarmy.

Mesmo antes de o “Salvator Mundi” de Leonardo Da Vinci ir a leilão na noite de quarta-feira na Christie’s, em Nova York, muitos no mundo da arte estavam refutando a autenticidade da obra. Vários conhecedores murmuravam desacordos, tanto na internet quanto nas prévias do leilão, e um dia antes da venda Jerry Saltz, da New York Magazine, escreveu que embora não fosse “historiador de arte nem nenhum tipo de especialista nos grandes mestres”, apenas “uma olhada nessa pintura me diz que não é um Leonardo”.

E isso foi antes que a pintura arrasasse todos os recordes anteriores de leilões ao arrebatar, com prêmio, US$ 450 milhões.

Pouco depois de o martelo bater na noite de quarta-feira, o New York Times publicou um artigo do crítico Jason Farago no qual, depois de observar que não tinha autoridade “para confirmar nem refutar sua atribuição”, ele declarou que a pintura era “proficiente, mas não é uma imagem religiosa especialmente distinta da Lombardia da virada do século 16, submetida a uma série de restaurações”.

Será que o comprador do quadro mais caro do mundo acaba de comprar um lixo?

“Todas as pessoas mais relevantes acreditam que é um Da Vinci, então as críticas do tipo ‘eu não sei nada sobre os grandes mestres, mas acho que não é um Da Vinci’ nem deveriam ter sido publicadas”, diz o britânico Charles Beddington. “Sim, este quadro precisou ser amplamente restaurado. Mas o fato de que ele seja aceito por unanimidade como um Da Vinci mostra que ele tem condições suficientes para que não existam dúvidas sobre sua autenticidade.”

Depois de conversar com vários marchants importantes de grandes mestres — um grupo famoso não exatamente por segurar a língua –, o verdadeiro problema em relação à autenticidade do Da Vinci parece ser uma questão de conhecimento do assunto: “Todas as obras dos grandes mestres foram retocadas”, diz o marchant Rafael Valls, cuja galeria de Londres fica bem em frente à Christie’s. “Todos eles foram esfregados e limpos, mas quando você pensa em um quadro em particular e diz: ‘Ah, é um Ticiano, mas um quarto foi recriado por outros restauradores’, mesmo assim ele não deixa de ser autêntico.”

As pessoas do mundo da arte que descartam a autenticidade do quadro, segundo os marchants, estão simplesmente julgando os grandes mestres com os critérios usados para julgar a arte contemporânea — seria como comparar as especificações de um novo Honda com as de uma Ferrari de 1965. Ambos são carros, mas as semelhanças terminam aí.

“Até certo ponto, você tem que deixar a condição de lado”, diz o marchant Johnny van Haeften. “Claro que não é perfeito e claro que não é a versão original. Mas é possível conseguir outro?”

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