Por Rupert Rowling.
A platina beira o valor mais baixo em 10 anos e os hedge funds nunca estiveram tão pessimistas – e isso poderia ser uma boa notícia para os preços.
A commodity tem tido um ano intenso até agora em meio à abundância de oferta e porque os investidores perderam a fé nos metais preciosos. Os especuladores apostam em mais declínios, mas o grande número de apostas pessimistas significa que os preços poderiam estar prestes a se recuperar, segundo o ING Bank. O banco, junto com o Commerzbank e o Macquarie Group, afirma que a platina pode estar perto do piso de preço.
“Considero que os dados da Comissão de Negociações de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) são uma leitura bastante otimista, porque dá para ver que se baseia no aumento de posições vendidas”, disse Oliver Nugent, estrategista do ING em Amsterdã, em referência à posição dos gestores de recursos. “As posições vendidas estão em extremos, e é provável que ocorra uma recuperação.”
A platina, usada principalmente para diminuir as emissões de veículos, foi abalada pelo receio de um enfraquecimento da demanda por diesel e pelo fortalecimento do dólar. Os preços caíram mais de 50 por cento desde o pico registrado em 2011, o que afeta os lucros das minas na África do Sul, maior país produtor, mas também aumenta a especulação de que as fabricantes de carros poderiam incorporar mais platina para substituir seu metal irmão, o paládio, nos catalisadores para veículos.
Piso de preço
A platina chegou a US$ 793,34 por onça na semana passada, o valor mais baixo em quase dez anos, e alguns analistas projetam que o mercado está perto do piso. Macquarie, Commerzbank e ING projetam uma média de preços de US$ 900 ou mais até o fim do ano, e de mais de US$ 1.000 no ano que vem. O metal foi negociado a cerca de US$ 840 nesta quinta-feira.
A queda também transformou o metal em uma alternativa mais atraente ao paládio, que muitas vezes pode ser usado nas mesmas aplicações industriais. A platina beira seu valor mais baixo em relação ao paládio desde 2001, o que gerou especulação de que o setor automotor poderia considerar usar mais platina.
Os preços mais baixos já obrigaram algumas mineradoras sul-africanas a fechar poços deficitários. A maior produtora, a Anglo American, está aumentando a produção, mas outras continuam enfrentando dificuldades. A Lonmin eliminará 12.600 empregos em três anos, e a Impala Platinum Holdings afirmou neste mês que modificando a estratégia de seu complexo Rustenburg, onde apenas três dos 10 poços geraram lucro em março.
A produção das minas ainda preocupa, mas há ofertas abundantes do metal acima do solo para satisfazer à demanda.
Após alguns anos de escassez, o mercado registra excesso de oferta desde 2016. Os estoques acima do solo totalizavam 8,5 milhões de onças no fim do ano passado, segundo a Metals Focus. O número equivale a mais de um ano de demanda global.
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