Prêmio da soja brasileira dispara com disputa entre China e EUA

Por Isis Almeida

O prêmio obtido na venda de soja produzida no Brasil disparou. O Brasil está se saindo o maior vencedor da disputa comercial entre EUA e China.

Compradores da soja embarcada no Porto de Paranaguá estão pagando o maior ágio desde abril em relação ao contrato futuro de soja negociado em Chicago, de acordo com a corretora de mercadorias Ary Oleofar, de São Paulo. O spread se alargou porque o Brasil está aumentando os embarques para a China e a oferta está restrita devido à seca na Argentina, explicou Michael Cordonnier, diretor da consultoria Soybean & Corn Advisor, com sede em Hinsdale, no Estado americano de Illinois.

As tensões comerciais se intensificaram após a China prometer retaliar “fortemente” a ameaça do presidente americano, Donald Trump, de taxar mais US$ 200 bilhões em importações chinesas. O país asiático é o maior importador mundial de soja e maior comprador da soja produzida nos EUA. O comércio do produto entre as duas nações movimentou US$ 14 bilhões no ano passado.

“Os vencedores em uma disputa comercial podem ser países não envolvidos na disputa”, afirmou Cordonnier em relatório enviado por email. “Esta pode ser exatamente a posição dos fazendeiros de soja no Brasil se a disputa entre EUA e China continuar esquentando.”

A soja para embarque em Paranaguá no mês que vem era negociada com prêmio de US$ 1,30 por bushel sobre os futuros em Chicago, de acordo com dados coletados pela Ary Oleofar até segunda-feira. O prêmio é 24 por cento maior do que o apurado na sexta-feira e o mais alto desde 25 de abril.

O contrato futuro de soja para entrega em novembro chegou a cair 2,8 por cento para US$ 9,0525 por bushel na Chicago Board of Trade, a menor cotação para o contrato mais ativo desde 2016.

No mês passado, a China comprou 17 por cento mais soja brasileira do que um ano antes, elevando o total para 12,4milhões de toneladas, a maior quantia em registro para maio. O total exportado pelo Brasil também deve bater o recorde para junho, segundo o analista Tarso Veloso, da AgResource em Chicago.
“Parece que o Brasil já está ampliando sua fatia no mercado de soja importada pela China”, afirmou Cordonnier. “Se os EUA não tiverem uma safra recorde de soja em 2018 e os fazendeiros brasileiros aumentarem a área plantada com soja em 2018-19, então o Brasil continuará aumentando sua parcela.”

Em outros mercados:
– O farelo de soja para entrega em dezembro caiu 1,5 por cento para US$ 337,20 por 2.000 libras-peso, o menor preço para o contrato mais ativo desde fevereiro.
– O milho para o mesmo mês recuou 2,3 por cento para US$ 3,685 por bushel.
– O trigo para setembro perdeu 2,2 por cento para US$ 4,905 por bushel.
– O trigo para dezembro negociado em Paris caiu 1,5 por cento para 176 euros por tonelada.

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