Por Lucy Meakin.
O pressionado presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, está fomentando a diversidade e a inclusão para melhorar a imagem da instituição após meses de críticas.
Apontado como um “estrela” que reformularia o banco central inglês, uma instituição de três séculos, quando se tornou presidente em 2013, desde então Carney virou alvo da ira dos políticos e da imprensa popular, centrada em acusações de intromissão no referendo do Brexit. Agora ele está olhando para sua própria equipe e para a estratégia de comunicação dela para tentar vencer a desconfiança crescente desde a crise financeira.
“Entre as frequentes acusações feitas a esse banco central — assim como a muitos de nossos pares — estão a de ser monocultural, sigiloso e de estar carregado de pensamento de grupo”, disse Carney, em discurso realizado em Londres na quinta-feira. “As decisões que tomamos afetam todos os cidadãos britânicos. Como eles podem confiar em nós — os temidos especialistas?”.
Ele também disse que o Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) deveria observar o “espírito da geração Y”, dizendo que essa geração está interessada em se “interconectar, em colaborar entre equipes e em analisar uma série de ideias”.
Os comentários de Carney surgem depois que o comitê diretivo do BOE alertou para o dano à reputação decorrente do “volume de cobertura desfavorável da imprensa” desde o referendo de 23 de junho para saída da União Europeia. Alguns parlamentares afirmaram que o banco apresentou uma visão negativamente tendenciosa e pediram até a renúncia de Carney, e outros diretores do banco também foram acusados de tomarem medidas que aumentam a desigualdade econômica.
“Organismos de decisão diversos normalmente têm um apoio político maior e desfrutam de uma confiança maior da população”, disse Carney. “Além disso, eles tendem a alcançar melhores resultados em termos de políticas por meio de um entendimento melhor das necessidades da comunidade e de um diálogo mais efetivo com a população em geral.”
Mudanças na equipe
O presidente colocou o assunto da inclusão em destaque desde sua chegada ao BOE, quando lamentou a falta de mulheres no Comitê de Política Monetária. Ele destacou, em seu discurso de quinta-feira, que é o 120o de uma “lista bastante longa de presidentes homens”, disse ele.
O Tesouro anunciou na quinta-feira que a vice-presidente do banco, Minouche Shafik, será substituída por outra mulher, Charlotte Hogg, mas a única outra representante do sexo feminino no Comitê de Política Monetária, Kristin Forbes, deverá sair no fim de junho.
Uma pesquisa publicada no blog da equipe do BOE em outubro apontou que muitos discursos e relatórios são complicados demais para serem entendidos por uma audiência mais ampla, segundo um estudo sobre níveis de leitura da população. Trabalhando com a suposição de que os níveis 8 ou 9, com base em testes Flesch-Kincaid, representam o de uma audiência mais ampla, o relatório concluiu que os comunicados do BOE estão muito acima da nota 14.
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