Por Alistair Barr e Sarah Frier com a colaboração de Alex Webb.
Alphabet, a empresa controladora do Google, já não precisa da supervisão adulta de Eric Schmidt.
Depois de 17 anos na diretoria sênior, Schmidt está renunciando ao papel de presidente executivo. Ele foi tirado da Novell quando o Google tinha apenas 200 funcionários; agora, a empresa é uma força global dominante em pesquisas, publicidade e vídeo na internet. Os fundadores — que tinham 20 e poucos anos quando Schmidt entrou — sabem como continuar crescendo a partir daqui. E eles têm a ajuda de líderes mais novos, como o CEO do Google, Sundar Pichai, a diretora financeira, Ruth Porat, e a chefe da nuvem, Diane Greene.
Schmidt, 62, se tornará consultor técnico da Alphabet e também continuará atuando como diretor, informou a empresa na quinta-feira em um comunicado. A Alphabet espera que o conselho nomeie um presidente não executivo.
Schmidt atuou como CEO do Google por 10 anos até 2011, quando ele entregou as rédeas ao cofundador Larry Page. Inicialmente, ele foi convocado para conferir uma liderança mais experiente à startup de rápido crescimento, uma espécie de “supervisão de um adulto” para os fundadores, sobrecarregados pelo crescimento acelerado da empresa.
Schmidt estava no comando durante acontecimentos como a abertura de capital do Google em 2004; o lançamento do Gmail, do Google Maps e do navegador Chrome; a aquisição do YouTube em 2006; e o surgimento do Android como o maior sistema operacional móvel do mundo. Quando ele assumiu o cargo de CEO em 2001, o Google tinha menos de 15 milhões de visitantes mensais únicos on-line. Uma década depois, quando ele trocou de papel, esse número superava um bilhão.
Schmidt também atravessou questões mais desafiadoras. Ele defendeu o Google quando a Comissão Federal de Comércio dos EUA realizou um inquérito antitruste sobre seu serviço de busca e negociou em nome da empresa em jurisdições estrangeiras que são mais críticas em relação às práticas da empresa do que os EUA.
“A empresa vem atuando com uma mentalidade mais madura e de longo prazo há algum tempo, e foi para isso que ele foi convocado”, disse Bob O’Donnell, analista-chefe da Technalysis Research. “Eles têm uma equipe mais madura na diretoria, eles convocaram alguns nomes bons.”
A imagem pública de Schmidt — que se expressa sobre questões regulatórias, se mistura com líderes mundiais em Davos e virou fã do festival Burning Man, realizado no deserto de Nevada — contrastava com a dos cofundadores do Google, mais reservados. Schmidt se tornou um embaixador da empresa para outros governos e líderes corporativos, o que permitiu que Page e Sergey Brinse concentrassem nas invenções.
Um ex-executivo do Google disse que era surpreendente que Schmidt não tivesse abandonado o papel de presidente do conselho antes, observando que Page e Brin estão firmemente no comando há pelo menos alguns anos. A pessoa pediu para não ser identificada ao falar sobre questões corporativas privadas.
“A estrutura da Alphabet está funcionando bem, e o Google e as outras apostas estão prosperando”, disse Schmidt no comunicado. “Nos últimos anos, passei boa parte do meu tempo com questões de ciência e tecnologia e com filantropia, e planejo ampliar esse trabalho.”
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