Por Peter Millard.
Os fundos de pensão do País precisam fazer mais para prevenir conflitos de interesse quando contratam gestores de recursos externos para ajudar a administrar um montante somado de R$ 870 bilhões em ativos, disse o comandante da Previc, órgão responsável por supervisionar o segmento.
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar está reforçando as regras de compliance após diversos escândalos abalarem a confiança no setor.
Entre as regras que entraram em vigor em maio está o maior rigor na supervisão das decisões de investimento tomadas por executivos de fundos de pensão e de seus relacionamentos com gestores de recursos externos que trabalham em fundos multimercado, ou de hedge, e instituições financeiras.
“Estamos buscando uma recuperação da credibilidade do setor”, disse o diretor-superintendente, Fábio Coelho, em entrevista à Bloomberg no Rio de Janeiro, onde ofereceu um seminário para gestores de fundos de pensão sobre as novas regras. “A indústria de fundos de pensões aqui no Brasil está passando por um período de regras com mais controles.”
Em 2016, quatro dos maiores fundos de previdência do País foram alvo da Operação Greenfield, que investigou investimentos fraudulentos ou imprudentes realizados pelas divisões de private equity dessas instituições.
A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, reduziu os pagamentos a aposentados no ano passado, após investir em fornecedores de equipamentos para o setor petrolífero que quebraram após o escândalo que ficou conhecido como Petrolão. O Postalis, que serve os funcionários dos Correios, contratou um gestor terceirizado que foi multado em setembro por investir recursos do fundo em títulos da Venezuela e Argentina.
A Previc deseja aproximar o aparato regulatório dos fundos de pensão ao de outros setores do sistema financeiro nacional, explicou Coelho. Além das acusações de fraude, surgiram “episódios recentes” de conflitos de interesses na seleção de gestores externos, ele acrescentou.
“Tivemos uns processos de escolha para gerentes de fundos não completamente transparentes”, revelou Coelho, sem identificá-los. “Fundos de pensões têm associações e devem monitorar esses trabalhos de gestores terceirizados.”
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