Por Lauren Coleman-Lochner.
O quem tem na sua calça jeans? Uma galeria nociva de produtos químicos impronunciáveis cujos efeitos para os seres humanos são suspeitos.
Perfluoroquímicos, ftalatos e corantes azo estão entre as substâncias espalhadas na fabricação de roupas. Pressionadas por consumidores que demandam alternativas mais seguras a produtos químicos prejudiciais, empresas americanas, incluindo a Levi Strauss & Co., estão adotando uma abordagem mais europeia. A União Europeia proibiu ou restringiu mais de 1.000 produtos químicos; os EUA, menos de 50.
A demanda dos consumidores por produtos mais seguros levou empresas internacionais a buscar ingredientes mais ecológicos, mas os obstáculos são desanimadores. Fornecedores costumam relutar em compartilhar suas fórmulas, compradores fogem de custos mais altos e, em alguns casos, simplesmente não existem substitutos mais seguros e acessíveis.
A Levi’s proibiu o uso de determinados produtos químicos desde 2000, mas agora é diferente. A fabricante de jeans e outras empresas estão pedindo que fornecedores usem materiais gerados a partir de bactérias, fungos, levedura e gás metano para substituir as substâncias a base de petróleo que compõem mais de 95 por cento do estoque de químicos dos produtos dos EUA.
Interesse dos jovens
Existem muitos incentivos para a mudar. Um relatório da Pike Research estima que o mercado global para os produtos químicos ecológicos aumentará de US$ 11 bilhões no ano passado para quase US$ 100 bilhões em 2020. Os jovens estão extremamente interessados no investimento sustentável, de acordo com o Morgan Stanley. E inovações podem dar às empresas uma vantagem competitiva, disse Monica Becker, codiretora do Green Chemistry and Commerce Council, que trabalha com empresas como Wal-Mart Stores.
As companhias podem fazer falsas promessas de que um produto cumpre as práticas de químicos ecológicos, disse Becker, mas, para evitar isso, existem os métodos de avaliação usados pelo programa Safer Choice da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês).
As normas também podem confundir as iniciativas das empresas dos EUA. Para aprovar químicos e processos, a União Europeia utiliza a chamada abordagem de classificação do perigo, que também está sendo analisada pelo governo chinês. Fabricantes precisam provar que seus produtos cumprem os padrões de segurança antes de levá-los ao mercado. O método dos EUA se baseia no risco. Ele envolve ponderar métricas, como a quantidade e a duração da exposição, para avaliar o perigo em um produto existente — se os dados existirem.
Exposição ínfima
Os defensores da abordagem baseada na classificação do perigo argumentam que até mesmo a exposição a quantidades ínfimas de alguns produtos químicos está correlacionada com transtornos de aprendizagem, asma, alergias e câncer.
“Não deveríamos considerar que os produtos químicos são culpados até que pesquisas provem sua inocência?”, pergunta Amy Ziff, fundadora e diretora executiva do Made Safe, um novo programa de certificação baseado na classificação do perigo. A Levi’s informou que seu objetivo é usar apenas produtos químicos aprovados por análises de classificação do perigo por volta de 2020.
Mesmo que alguns fornecedores recuem, “não vamos desistir da classificação do perigo”, disse Bart Sights, diretor de desenvolvimento global da Levi’s.
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