Produtora de cobre pede calma ante animação com carros elétricos

Por Thomas Biesheuvel e Mark Burton.

Uma das maiores produtoras de cobre do mundo advertiu que o setor não deve se empolgar demais com a revolução dos carros elétricos, que cativou o mundo dos metais e elevou os preços ao maior patamar em três anos.

A mineradora chilena Antofagasta, pertencente à bilionária família Luksic, afirma que é muito cedo para saber qual será o impacto do surgimento dos veículos elétricos sobre a demanda por cobre e que muitas projeções podem ser otimistas demais.

“Preferimos pensar no assunto com mais cautela”, disse o CEO da Antofagasta, Iván Arriagada, em entrevista, no escritório da empresa em Londres. “Ainda não entendemos completamente o que isso significará para o cobre. Devemos ser cautelosos enquanto setor. Temos que compreender plenamente e modelar as mudanças que estão ocorrendo.”

A opinião cautelosa de Arriagada vem à tona após alerta da mineradora MMC Norilsk Nickel e do hedge fund Blenheim Capital de que o mercado pode ter se tornado otimista demais, e muito rapidamente, em relação ao níquel, metal usado nas baterias dos carros elétricos. E na semana passada o banco canadense BMO Capital Markets afirmou que é difícil adivinhar quantos carros elétricos estarão rodando em 10 ou 20 anos e que prever a quantidade de lítio, cobre, cobalto e níquel de que os veículos precisarão é mais complicado ainda.

Ainda assim, isso não impediu muitas mineradoras e bancos de projetarem que os veículos provocarão um impacto dramático em todo o setor de metais. Os carros elétricos contêm cerca de três vezes mais cobre que um veículo normal, segundo a Glencore. É necessária uma quantidade ainda maior para as estações de recarga, razão pela qual a Exane BNP Paribas prevê que essa infraestrutura ampliará em cerca de 5 por cento a demanda pelo cobre até 2025.

“Talvez algumas previsões estejam altas demais”, disse Arriagada. “Os padrões de uso do transporte mudarão. É inapropriado fazer uma extrapolação linear.”

No mês passado, impulsionados pelo forte crescimento econômico global e pela oferta fraca, os preços do cobre ficaram acima de US$ 7.000 por tonelada pela primeira vez desde 2014. A maioria das grandes mineradoras têm falado em expandir a produção, em claro contraste com commodities como carvão e minério de ferro, para as quais muitas produtoras mantêm projeções de longo prazo mais desfavoráveis. A Codelco, maior produtora de cobre do mundo, anunciou nessa semana que o cobre pode alcançar altas recorde superiores a US$ 10.000 por tonelada quando o mercado passar para um déficit “substancial” a partir de 2018.

Arriagada comentou também que está preocupado com o possível excesso de investimentos na extração do cobre e pediu disciplina ao setor em relação a novos projetos. Contudo, isso não impediu a Antofagasta de estudar a ampliação da produção — a empresa atualmente avalia dois projetos de expansão, Los Pelambres e Centinela.

O CEO disse que o conselho em breve tomará decisões sobre as expansões, que custarão US$ 1,1 bilhão e US$ 2,7 bilhões, respectivamente. Se decidir não realizar expansões, a empresa poderá, em vez disso, devolver mais dinheiro aos acionistas, disse o CEO.

“Queremos manter o foco”, disse ele. “Avaliaremos a distribuição de recursos se os projetos não se enquadrarem em nossos critérios.”

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.