Produtoras de PC precisam de choque de realidade virtual

Por Tim Culpan.

As vendas globais de PCs caíram 5,7 por cento no ano passado porque… bem, você sabe o motivo: menos pessoas querem comprar um PC.

É isso mesmo. Os analistas podem destrinchar os números para tentar explicar cada aspecto da queda do setor, mas bastaria aplicar a Navalha de Occam.

Em seu comunicado à imprensa para explicar os dados mais recentes, a IDC claramente aderiu à teoria do “estável é a nova alta” sobre o crescimento desse mercado pontuando que as vendas de unidades do quarto trimestre caíram apenas 1,5 por cento. Segundo a empresa de pesquisas, os resultados “mantiveram a tendência recente de estabilização do crescimento”.

É preciso fazer alguma coisa. A consolidação dos atores do setor não é suficiente — as empresas tentaram, mas isso não interrompeu os inexoráveis declínios de preços que sempre fizeram parte do negócio de hardwares eletrônicos.

Por isso, este é o momento de tentar algo novo. Como, por exemplo, fabricar um produto que as pessoas realmente queiram comprar.

Pense no último PC que você usou. Agora compare-o com o PC que você usava 15 anos atrás. Vê a diferença? Acho que não. Desde que Jony Ive decidiu que o chamado azul Bondi era uma boa cor para os computadores não vimos nenhuma inovação real no design dos PCs. A tecnologia interna também mudou pouco, evoluindo apenas para sistemas mais rápidos e poderosos, algo possível graças à indústria de semicondutores, e não à de PCs.

O que as empresas de PCs precisam fazer agora é pegar o produto que fabricam — pequenas caixas com poder de computação — e voltá-las às aplicações práticas que os consumidores realmente desejam.

A realidade virtual é a escolha óbvia. A RV demanda muitos recursos e tempo, exigindo velocidade e poder de processamento. Mas até agora as principais empresas de RV estão produzindo headsets e confiando às fabricantes de PCs a tarefa de preencher a lacuna no campo da computação. As exceções são a Sony, que tem utilizado seu combo headset-PlayStation para liderar o mercado, e a Acer, que está se concentrando em consumidores comerciais. As fabricantes de PCs precisam fazer RV por conta própria ou comprar uma empresa já existente do setor.

A RV não é a única arena. Servidores domésticos são outro segmento que clama por um bom fornecedor. Seria essencialmente um servidor pessoal em nuvem, que armazenaria fotos e arquivos, faria streaming de conteúdo e atuaria como concentrador de uma onda iminente de serviços automatizados. Em vez de confiar em empresas como Apple e Google, uma solução doméstica devolveria o controle aos consumidores e tornaria as empresas de PCs relevantes novamente.

A Acer vem tentando dar o pontapé inicial à ideia com sua iniciativa Build Your Own Cloud, mas não tem conseguido ganhar impulso. Isso não deve impedir as outras empresas de tentar: algumas empresas tentaram produzir smartphones e tablets antes de a Apple mostrar a elas como se faz.

Quando os analistas descrevem um mercado em queda em termos positivos você sabe que as coisas estão mal. E no tocante às fabricantes de PCs, tempos de desespero pedem medidas desesperadas.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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