Produtores de bitcoins saem em busca de energia limpa

Por Helena Bedwell, Vanessa Dezem, Stephen Stapczynski e Jonathan Tirone.

O plano de Vakhtang Gogokhia para extrair criptomoedas do submundo do ciberespaço está baseado em uma estratégia que muitos fabricantes tradicionais que consomem muita eletricidade conhecem — quanto mais barata for a energia, melhor.

Por isso Gogokhia, diretor de uma startup chamada Golden Fleece, colocou um contêiner cheio de computadores fabricados na China dentro de uma fábrica de tratores abandonada na Geórgia, cerca de 100 quilômetros a leste do Mar Negro. O lugar era ideal para os servidores trabalharem 24 horas por dia porque tem acesso a eletricidade barata gerada pela água que flui do Cáucaso. Também há planos para construir painéis solares e turbinas eólicas na região.

A energia renovável está se tornando a preferida da mineração de moedas digitais, como o bitcoin, à medida que os preços aumentam e a indústria busca mais potência informática. Os combustíveis tradicionais como o carvão continuam sendo insumos básicos para muitas empresas de energia elétrica, mas as grandes mineradoras de moedas digitais, entre elas a Bitmain Technologies, a HIVE Blockchain Technologies e a Bitfury Group, estão usando energia limpa em lugares como Canadá, Islândia e Paraguai — e atraindo investidores preocupados com o impacto ambiental das emissões de carbono.

“Para conquistar as riquezas das criptomoedas, decidimos construir parques de mineração baratos, ecológicos e sustentáveis na Geórgia,” disse Gogokhia, o CEO de 28 anos da Golden Fleece e ex-funcionário da rede elétrica estatal.

Demanda

Nos últimos 12 meses, a criação de criptomoedas se tornou mais lucrativa praticamente em qualquer lugar porque os preços aumentaram vertiginosamente, gerando uma rápida expansão global das atividades de mineração e centenas de novos tipos de tokens. O bitcoin foi avaliado em mais de US$ 325 bilhões em dezembro — valor de mercado superior ao da Wal-Mart Stores, depois de a unidade aumentar de menos de US$ 800, valor de um ano antes, para quase US$ 20.000.

Contudo, os computadores necessários para criar e sustentar o bitcoin precisam, por dia, da mesma quantidade de eletricidade produzida por 30 reatores nucleares funcionando com capacidade máxima e o setor já está usando mais energia do que todos os veículos elétricos do mundo, segundo estima a Bloomberg New Energy Finance. Embora a tecnologia de criação de criptomoedas possa evoluir, tornar-se mais eficiente e exigir menos energia, os custos de eletricidade continuam sendo uma preocupação fundamental das mineradoras, especialmente depois que o bitcoin caiu para menos de US$ 8.000 neste mês.

Em Ciudad del Este, no Paraguai, mineradoras de criptomoedas brasileiras estão se estabelecendo na zona de livre comércio da cidade. Elas estão aproveitando a eletricidade mais barata gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, de 14 gigawatts, que produz mais energia do que o Paraguai pode consumir. Os preços equivalem a cerca de um quarto dos preços do Brasil.

“As mineradoras estão procurando lugares onde possam ter margens maiores”, disse o minerador brasileiro Rocelo Lopes, acrescentando que seus 6.000 computadores em Ciudad del Este são a maior operação de criptomoedas da América do Sul. “É um mercado muito volátil e de um dia para o outro você pode perder dinheiro.”

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