Produtores vendem petróleo em leilões para medir interesse

Por Serene Cheong.

As produtoras de petróleo que durante anos usaram como referência o principal membro da Opep, a Arábia Saudita, para ajudar a estabelecer o preço do petróleo agora tentam carreira solo.

Agora que o barril de US$ 100 é uma lembrança distante e que o petróleo dos EUA vai ganhando participação nos principais mercados, as empresas estão buscando novas maneiras de avaliar se sua oferta pode valer mais — uma perspectiva que ajudará a sustentar suas economias combalidas. A empresa estatal de comercialização de petróleo do Iraque e a produtora estatal da Malásia estão leiloando carregamentos na Bolsa Mercantil de Dubai pela primeira vez neste ano, uma medida dos vendedores para avaliar a demanda analisando os lances e o interesse dos compradores.

Ao enviar o petróleo para remate, os vendedores acreditam que os possíveis compradores tentarão superar as ofertas uns dos outros e que esse processo aumentará o valor de seu petróleo. Em métodos mais comuns, como licitações ou negociações privadas, os possíveis clientes não conseguem superar uma oferta opositora, mesmo que estejam dispostos, porque podem não estar cientes dela. A informação obtida dos leilões ajudaria as produtoras a estabelecer preços oficiais mensais para os carregamentos em contratos de longo prazo, por meio dos quais a maior parte do petróleo é fornecido.

“O objetivo é não apenas garantir o melhor preço, mas fazer com que o vendedor tenha acesso a toda essa inteligência de mercado que ninguém vê”, disse John Driscoll, estrategista-chefe da JTD Energy Services. “Eles veem quantos compradores estão participando, podem medir a agressividade deles e descobrir se estão dispostos a melhorar seu preço. Os vendedores estão recebendo uma ferramenta muito mais confiável e indicativa do mercado de petróleo por meio desse processo.”

Leilão de dois minutos

A empresa estatal de comércio de petróleo do Iraque, conhecida como SOMO, realizou seu primeiro leilão em abril, quando vendeu 2 milhões de barris do tipo Basrah Light para carregamento em junho. A empresa vendeu mais 4 milhões de barris de Basrah Light e a mesma quantidade de Basrah Heavy desde então, sendo que sua venda mais recente atraiu 17 licitantes e 25 lances em um período de dois minutos. O carregamento pesado para setembro foi vendido a US$ 1,37 o barril acima do preço oficial, ágio maior que o pago para o carregamento de agosto.

O preço relativamente mais elevado sinalizou uma demanda saudável pela variedade em um momento em que a Arábia Saudita, a maior exportadora de petróleo do mundo, se concentra em conter a produção de petróleo médio-pesado como parte do acordo firmado com outros produtores para frear o excedente global. O ágio contribuiu também para o aumento dos preços oficiais do Iraque em relação às variedades concorrentes da Arábia Saudita, segundo pesquisa da Bloomberg com cinco traders que participam do mercado de petróleo do Oriente Médio.

“Os produtores do Oriente Médio tradicionalmente usam os preços oficiais da Arábia Saudita como referência para estabelecer os preços mensais de sua oferta”, disse Driscoll, que trabalha há mais de 30 anos na indústria de comércio de petróleo em Cingapura. “Como a Arábia Saudita agora tenta frear o excedente global de petróleo com sua própria estratégia independente, outros produtores podem estar mais inclinados a encontrar formas alternativas de avaliar seus barris.”

Por meio da venda na DME, a SOMO obteve uma avaliação independente do valor de seu petróleo que poderá usar para definir seu preço oficial de venda, disse ele.

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