Projeção de boom de demanda gera corrida para conseguir lítio

Por Tom Wilson e Thomas Biesheuvel com a colaboração de Samuel Dodge.

Para achar evidências de como o lítio, um ingrediente para fabricar baterias, é popular agora, é só dar uma olhada na australiana AVZ Minerals.

As ações da promissora empresa de mineração valiam apenas centavos até alguns meses atrás, mas neste ano elas dispararam 1.300 por cento. A proposta: transformar uma mina remota e centenária da República Democrática do Congo em fornecedora do lítio necessário para mover os carros elétricos.

A ascensão foi abrupta, mas a AVZ não está sozinha na corrida para se posicionar para um boom de baterias recarregáveis. No Reino Unido, uma empresa fundada pelo ex-banqueiro de investimento Jeremy Wrathall planeja aproveitar fontes termais na Cornualha, região mais famosa por suas enseadas com praias. Outras empresas buscam depósitos de lítio da Alemanha ao Mali, e até mesmo o Afeganistão planeja licitar permissões de exploração.

“Há uma corrida pelos depósitos, uma demanda que parece muito impressionante. A questão, como sempre, é a oferta”, disse Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein em Londres. Na pressa para atender a demanda existe o risco de que muitas minas sejam exploradas e muito metal seja fornecido, disse Gait. “Quando a maré recuar, quem não tiver uma boa geologia não estará à altura da situação.”

Lítio

O preço do lítio, dominado por três grandes produtores, subiu muito à medida que a demanda por baterias de íon-lítio usadas em veículos elétricos e sistemas de armazenamento de eletricidade foi aumentando. A Bloomberg New Energy Finance projeta que veículos elétricos representarão mais da metade das vendas de carros novos no mundo até 2040. Além disso, a incerteza sobre o crescimento da produção global faz com que as fabricantes de carros tentem garantir a oferta do metal para o futuro.

Contudo, mesmo que no começo a produção possa ter dificuldades para acompanhar o crescimento da demanda, o lítio não é raro em comparação com outros metais para baterias como o cobalto e o grafite, segundo Eily Ong, analista da Bloomberg Intelligence. E a história da mineração está cheia de exemplos de booms que acabaram em colapso quando a pressa para aumentar a oferta ultrapassou o crescimento da demanda.

Produção

A produção global de lítio aumentou cerca de 12 por cento no ano passado. As baterias representaram 39 por cento do consumo, segundo o Serviço Geológico dos EUA. A Austrália foi o maior produtor em 2016, mas seus recursos não se comparam com os da Argentina e da Bolívia, com cerca de 9 milhões de toneladas cada um, e com os do Chile, que tem mais de 7,5 milhões de toneladas.

Na República Democrática do Congo, a AVZ ainda precisa demonstrar que a extração de lítio é viável economicamente. Ela também terá que reabilitar uma antiga usina elétrica para atingir a produção e construir mais de 600 quilômetros de estradas para conectar a mina com a capital regional de Lubumbashi para exportar. Mas o projeto está atraindo investidores, entre eles a chinesa Zhejiang Huayou Cobalt, uma das maiores refinarias de cobalto do mundo.

“As maiores empresas da China estão fazendo fila”, disse o presidente da AVZ, Klaus Eckhof, de Dubai. “Todas querem participar porque elas não têm projetos de oferta em preparação, meu telefone não para de tocar.”

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