Projeto bilionário do governo mexicano atola na lama da capital

Por Andrea Navarro.

Nos arredores da Cidade do México, em uma faixa de terra lamacenta do tamanho de Manhattan, os planos para a construção a todo vapor de um novo e reluzente aeroporto correm o risco de ir por água abaixo.

Uma ferrovia projetada para transportar materiais está atrasada. Assim como uma das pistas. Uma empreiteira fundamental pediu recuperação judicial, o coordenador do projeto processou os operadores do aeroporto e uma ponte que conecta uma rodovia colapsou no terremoto da semana passada.

Quem já trabalhou em uma obra em construção – especialmente em uma grande obra pública na América Latina – sabe que problemas e atrasos fazem parte do trabalho. Mas, no caso do Novo Aeroporto Internacional da Cidade do México, a série ininterrupta de problemas poderia ter consequências significativas para o presidente Enrique Peña Nieto.

Substituir o superlotado aeroporto principal do país foi uma promessa fundamental durante os seis anos de mandato de Peña Nieto. Mais atrasos no aeroporto, de US$ 13 bilhões, causariam uma mancha em sua reputação que não apenas diminuiria as chances do próximo candidato de seu partido. O adversário esquerdista que quer o lugar de Peña Nieto prometeu descartar o projeto.

“O novo aeroporto é o projeto de infraestrutura mais importante deste governo”, disse Alejandro Schtulmann, da Empra, uma consultoria de risco político na Cidade do México. “E mesmo que não fique pronto antes do fim deste governo, ele sempre será atribuído a Peña Nieto.”

As novas instalações estão sendo construídas para receber até 68 milhões de passageiros por ano em 2020 e incluem um terminal futurista projetado pelo arquiteto Norman Foster, vencedor do prêmio Pritzker, e Fernando Romero, genro do bilionário Carlos Slim. Todo o aeroporto estará dentro de uma única estrutura de vidro e aço em forma de X que juntará e reciclará a água de chuva e aproveitará a luz natural para aumentar a sustentabilidade.

Mas o aeroporto precisa seguir um cronograma ambicioso se quiser acelerar o ritmo a tempo para a eleição presidencial de 2018 e encerrar a obra em 2020. Isso não será fácil. O local está sobre o leito de um antigo lago alagado que exige grandes obras de engenharia para ser controlado.

Há outros problemas além do terreno geologicamente complicado. Uma ferrovia que seria a principal via de transporte de materiais pesados ficou parada por disputas pelos terrenos e depois por fortes chuvas, o que obrigou a desviar o trânsito para estradas adjacentes para caminhões e estragou as rodovias. A linha começará a operar no mês que vem, mais de um ano de atraso. A pista N° 3 também tem alguns meses de atraso, o que poderia estagnar a inauguração do projeto inteiro se não passar nos testes e certificações de segurança a tempo.

Para Héctor Ovalle, diretor do Grupo Coconal, uma empresa que está construindo a pista N° 2, os próximos meses não serão fáceis, mas ele tem certeza de que sua empresa conseguirá superar os obstáculos geológicos e o cronograma apertado para cumprir com o prometido.

“Temos 67 anos de história na construção”, disse ele. “Conquistar uma reputação exigiu muito trabalho, mas basta um dia, um buraco, para perdê-la. Nós não apenas construímos coisas, nós construímos bem.”

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