Projeto de avião construído em módulos pode mudar setor aéreo

Por Justin Bachman.

Desde o início da era dos jatos, as empresas aéreas adotaram um modelo uniforme para as cabines de passageiros. Houve variações modestas — um assento voltado para trás aqui, um minúsculo bar na primeira classe ali –, mas a configuração básica, com assentos virados para a frente e fileiras, passou no teste do tempo por ser eficiente e rentável.

Os futuristas da A3, posto avançado de pesquisa da Airbus no Vale do Silício, estão contemplando um novo paradigma. Em vez de um design impossível de modificar a partir do momento em que a aeronave realiza seu voo inaugural, eles vislumbram módulos móveis que possam ser ajustados rapidamente pela empresa aérea, em boa parte da mesma forma que as aéreas de cargas alteram os interiores de seus aviões para transportar mercadorias.

Essa abordagem para o espaço dos passageiros pode abrir a porta para um novo tipo de cabine para as empresas aéreas comerciais. Imagine uma refeição com a qualidade de um restaurante servida nas alturas, ou uma cafeteria, uma área com brinquedos para crianças ou um compartimento para dormir — e não apenas para os ricos da parte dianteira do avião. Em algum momento, esperam os designers da A3, essas opções de bordo podem se tornar o tipo de atrativo popular pelo qual os passageiros querem pagar e, portanto, dar às empresas aéreas um incentivo para estudar de forma mais criativa como um avião poderia gerar lucro.

“Um dos motivos pelos quais estamos abrindo o capital é para poder escutar quais outros tipos de experiências passageiros e empresas aéreas estariam interessados em ter a bordo de seus aviões”, disse Jason Chua, líder do projeto de cabine da A3, chamado Transpose. Os módulos não funcionariam com qualquer aeronave atual; um avião precisaria ser equipado para isso na fase de fabricação.

A ideia é expandir aquelas comodidades de nicho que algumas empresas aéreas atualmente oferecem a quem paga um alto preço — chuveiros em cabines de luxo e bares de coquetéis, por exemplo — e permitir que as aéreas levem o negócio da classe econômica a um novo nível. Uma surpresa é que, segundo Chua, é provável que o projeto não encontre nenhum obstáculo intransponível em relação às normas de segurança. “As cabines não costumam ser formadas por assentos voltados para a frente e fileiras por razões de segurança”, disse ele. “Nós acreditamos que isso se deve ao fato de não existir um sistema para que as empresas aéreas reconfigurem suas aeronaves mais rapidamente.”

A A3, que tem sede em San José, está concentrando seu esforço inicial no avião de fuselagem larga, que usaria 10 a 14 módulos na cabine. Eles seriam projetados, construídos e vendidos por empresas aeroespaciais terceirizadas da mesma forma que os assentos, os banheiros e as copas atualmente. O grupo Transpose espera ter um “modelo de demonstração de alto nível” nos próximos dois a quatro anos, disse Chua.

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