Quando a política invade o ambiente de trabalho

Por Deena Shanker.

Os americanos estão falando sobre política. Isso já sabíamos.

Mas embora o conselho tradicional seja evitar o assunto política no local de trabalho, mais da metade dos trabalhadores americanos, em uma nova pesquisa da Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) — 54 por cento –, afirmam que falam a respeito com seus colegas de trabalho, um aumento desde o auge da campanha presidencial, em setembro, quando o número era de 48 por cento.

Cerca de metade manteve conversas pós-eleição com pessoas que concordam com elas, um terço dialogou com pessoas de opinião contrária e 15 por cento se envolveram em discussões políticas no trabalho, segundo a pesquisa realizada pela internet com 1.311 funcionários de meio período e período integral pela Harris Poll entre 16 de fevereiro e 18 de março.

O hábito alimenta esse clamor público: cerca de 35 por cento dos trabalhadores relatam que estão gastando mais tempo nos sites de notícias e nas redes sociais para se atualizarem em relação às últimas informações sobre política.

É difícil, e provavelmente muito cedo, para medir com rigor como esses conflitos podem afetar a produtividade, mas quando indagados a respeito de como lidavam com eles, 40 por cento dos entrevistados listaram pelo menos um resultado negativo. Entre eles, produtividade menor (14 por cento), piora da qualidade do trabalho (13 por cento), estresse ou tensão (26 por cento), aumento da hostilidade no local de trabalho (18 por cento) e percepções negativas a respeito dos colegas de trabalho (16 por cento). Um quarto disse evitar colegas por suas visões políticas.

Se a produtividade tiver caído não será surpreendente, disse Edward Yost, sócio de RH da Sociedade de Gestão em Recursos Humanos. “Não são conversas de dois minutos”, disse Yost. “São conversas de 20 minutos, 30 minutos, uma hora quando você realmente tenta convencer alguém sobre seu ponto de vista.” Se a conversa se dá em uma sala de descanso ou em outro espaço público, pode atrair ainda mais colegas — e queimar ainda mais horas de trabalho da companhia.

A questão não se resume ao tempo gasto para debater se o governo deve garantir seguro de saúde ou se envolver em conflitos no exterior. “Estamos tentando trabalhar em ambientes mais colaborativos”, disse Yost. “Muitas vezes as pessoas, mesmo quando precisam de alguma informação para concluir um projeto, preferem resolver o problema sozinhas a ter que falar com alguém de quem elas não gostam.”

O lado positivo: cerca de 30 por cento dos participantes do estudo relataram que se sentem mais conectados com os colegas ou que os enxergam de forma mais positiva. “Quando as pessoas concordam umas com as outras, essas conversas criam laços”, disse David Ballard, diretor-executivo-assistente para excelência organizacional da APA.

Muitas empresas preferem que a política seja deixada do lado de fora, mas impedir esses diálogos é uma batalha perdida, disse Ballard. “Eles vão acontecer de todos modos”, disse ele. Como gerentes, o melhor é empreender um esforço para gerar um ambiente de trabalho solidário oferecendo como modelo um comportamento respeitoso e interferindo quando surge um problema de intimidação, assédio ou bullying, explica ele.

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