Quão ambientalmente sustentáveis são seus investimentos?

Artigo escrito pela equipe de índices sustentáveis da Bloomberg.

A necessidade de agir contra o aquecimento global se intensifica a cada ano à medida que as temperaturas globais continuam subindo e a meta audaciosa de alcançar a neutralidade de carbono até 2050 se torna menos provável. Atualmente, estamos em 1,1 oC acima da era pré-industrial segundo o relatório sobre Mudanças Climáticas de 2023, publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) em março de 2023. A temperatura está subindo em um ritmo insustentável e eventos climáticos extremos, como inundações, incêndios florestais e secas, estão se tornando mais comuns.

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A figura 1 abaixo mostra as estimativas do IPCC sobre as consequências para as gerações atuais e futuras, em termos de aquecimento global, se não reduzirmos as emissões e fizermos a transição para uma economia de baixo carbono no curto prazo.

Figura 1: o impacto de um mundo mais quente e diferente nas gerações atuais e futuras depende de nossas escolhas em curto prazo (retirado da página 7 deste relatório)

Embora estes aumentos de temperatura pareçam insignificativos, os efeitos para a humanidade são enormes, mesmo em uma escala tão pequena. A previsão é de que os impactos negativos na disponibilidade de água, produção de alimentos, saúde, infraestrutura e biodiversidade causarão grandes perdas e danos à natureza e às pessoas.

A figura 2 abaixo mostra os possíveis impactos das mudanças climáticas. Este cenário deve afetar desproporcionalmente os países em desenvolvimento, ou seja, os que menos contribuem para solucionar o problema das emissões, o que leva a um questionamento sobre o que é justo. Os países em desenvolvimento devem reduzir suas emissões no mesmo nível que os países desenvolvidos?

Figura 2: grandes impactos, perdas e danos em decorrência das mudanças climáticas (retirado da página 7 deste relatório)

Dada tal lista gigantesca de consequências, os investidores institucionais estão sendo pressionados a desinvestirem em empresas de combustíveis fósseis e se concentrarem em investimentos sustentáveis.

Regulamentos em todas as jurisdições estão evoluindo, e muitos estão forçando investidores e empresas a serem mais transparentes sobre seus planos de adaptação e mitigação à questão climática.

Tendo isso em consideração, os investidores institucionais estão se perguntando: “quão ambientalmente sustentáveis são meus investimentos?” “Como posso desenvolver uma estratégia prudente de sustentabilidade e quais são as minhas opções para adotar uma estratégia de investimento de baixo carbono?” Abaixo detalhamos quatro abordagens diferentes para investimentos de baixo carbono.

Abordagem 1: desinvestimento em empresas de combustíveis fósseis

Embora essa estratégia possa ajudar no curto prazo, existem três sérios desafios que os investidores precisam considerar.

1) Excluir as empresas de combustíveis fósseis pode levar a um grande problema no acompanhamento do índice principal, já que a maior parte do setor de energia pode ser removida. Essa opção pode levar a consequências inesperadas, como uma piora do desempenho em relação ao índice principal durante os choques de preços de energia, como os vistos nos últimos anos.

2) Ao desinvestir, o investidor deixará de relacionar-se com tais empresas, mas isso também pode ser prejudicial para a meta de longo prazo de carbono líquido zero. A ciência climática mostrou que a simples redução das emissões não nos levará ao carbono zero, mas, para isso, são necessários investimentos em soluções de baixo carbono. Bill Gates observou em seu livro “Como Evitar um Desastre Climático” que, durante a pandemia da Covid-19, as emissões anuais de CO2e em 2020 foram reduzidas em apenas 5%, o que é surpreendentemente pouco considerando que a demanda de energia desabou muito rapidamente. Muitas empresas de energia estão evoluindo suas operações e investindo em novas tecnologias renováveis, portanto, é fundamental continuar a relacionar-se com elas para apoiar esse tipo de investimento e contribuir para a transição a uma economia de baixo carbono.

3) A estratégia de investimento pode não rastrear ou relatar as emissões, dificultando a avaliação das metas de sustentabilidade dos investidores.

Abordagem 2: remoção das empresas de maior emissão

Outra abordagem é excluir as empresas com maior emissão dos seus investimentos. Os investidores podem gostar dessa tática, pois é uma técnica ponderada pelo mercado, o que é simples de entender e comparar. Essa opção trata duas das três deficiências que observamos na abordagem de desinvestimento. Em primeiro lugar, ela permite monitorar as emissões, o que pode ajudar nas metas de sustentabilidade e/ou requisitos regulatórios. Além disso, é possível continuar o envolvimento com determinadas empresas, já que as exclusões não estão necessariamente concentradas nas companhias de petróleo e gás.

As exclusões evoluirão ao longo do tempo, conforme as empresas melhoram suas operações para adequar-se a metas de sustentabilidade e exigências regulatórias. O erro de rastreamento dependerá do universo do índice principal e da concentração dos maiores emissores em um setor específico. Esta abordagem pode ser usada para projetar os índices alinhados aos benchmarks do Acordo de Paris (PAB, na sigla em inglês) e da Transição Climática (CTB, na sigla em inglês) conforme o Benchmark das Regulações da União Europeia (EU BMR).

Abordagem 3: índices de descarbonização otimizados

Os índices de descarbonização otimizados atendem a todos os três objetivos e vão além. Eles podem ser elaborados para replicar de perto seu índice principal com uma rotatividade mínima. Como visto no início deste ano, devido ao aumento da popularidade dos benchmarks alinhados ao Acordo de Paris (PAB), esses índices podem incorporar restrições para reduzir os riscos de concentração em um determinado país, setor, empresa e/ou ativo.

Para a renda fixa, eles podem ser projetados para replicar de perto a duração do índice principal e melhorar com base no menor retorno potencial (YTW, na sigla em inglês) do índice principal. As restrições ao risco de transição também podem ser vistas como um aumento da exposição a empresas que investem em tecnologia verde ou a empresas que têm planos de sustentabilidade mais sólidos e que são ambientalmente corretas conforme a taxonomia da UE. Os clientes também podem aumentar a exposição a títulos verdes, sociais e sustentáveis (GSS, na sigla em inglês) para apoiar projetos ecológicos.

Os índices de descarbonização otimizados permitem que os investidores se envolvam com as empresas, monitorem e meçam as emissões, apoiem empresas verdes e atendam às metas de sustentabilidade e requisitos regulatórios, minimizando os gastos com transações.

Abordagem 4: índices de caminho de transição

Os índices de caminho de transição são índices de descarbonização otimizados que vão um passo além. No início do artigo, falamos sobre ser ou não justo que os países em desenvolvimento sejam obrigados a reduzir as emissões no mesmo nível que as nações desenvolvidas. Se você acredita que diferentes países devem realizar sua descarbonização em níveis diferentes, então os índices de caminho de transição podem ser utilizados.

Os índices de caminho de transição utilizam os modelos climáticos da Network for Greening the Financial System (NGFS, na sigla em inglês), que incorporam ambições políticas, reação às políticas, mudança de tecnologia e estimativas de remoção de CO2e para prever o caminho da descarbonização em diferentes regiões e setores de todo o planeta. Por exemplo: os índices de caminho de transição podem considerar diferentes caminhos de descarbonização entre os setores automotivo e de cimento devido às diferentes inovações tecnológicas de baixo carbono. Esta abordagem será explicada em mais detalhes em um artigo futuro.

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