Em recente reunião de cúpula (abril/2021), líderes mundiais discutiram a ampliação de seus compromissos climáticos. Como anfitriões, os EUA deram o exemplo, ao anunciar suas metas de emissão para 2030, e foram acompanhados por outros governos. Porém, avaliar estes objetivos é como tentar comparar maçãs com laranjas, pois as metas têm estruturas, bases e prazos diferentes.
Nosso último relatório, How COP26 Climate Pledges Compare in Run-up to Earth Day, busca desvendar este mistério ao utilizar quatro métodos para comparar os compromissos assumidos pelas economias do G-20. Destacamos estes métodos a seguir:
Redução dos volumes de emissões
Reino Unido, UE e Brasil têm as metas mais ambiciosas para 2030, pautadas na redução dos volumes de emissões entre 2010-2030. Os compromissos desses três países significam que estariam fazendo sua parte para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius – uma das metas do Acordo de Paris. Em contraste, os países em desenvolvimento – como a Turquia, Índia e China – podem cumprir suas metas para 2030 mesmo aumentando suas emissões substancialmente.
Emissões por unidade do PIB
As economias emergentes muitas vezes analisam suas metas considerando emissões por unidade do PIB (“intensidade de emissão”). Este tipo de objetivo pode promover a descarbonização sem impedir o crescimento econômico. Nesta perspectiva, o Reino Unido e a UE ainda aparecem nas duas primeiras posições. A China e a Índia avançam na classificação, mas suas metas não são agressivas o suficiente para garantir que o aumento na temperatura global não supere 2 graus.
Emissões per capita
Os governos tendem a definir metas com base em emissões per capita se há expectativa de um crescimento populacional significativo. Ao considerar a métrica per capita, os compromissos de 15 países do G-20 resultariam em emissões mais baixas. Porém, apenas o total do Reino Unido está abaixo da nossa estimativa do nível necessário para a meta [de aquecimento não superar] de 1,5 graus.
A quarta maneira consiste em medir a diferença entre as emissões se as metas forem alcançadas e as emissões sem as metas. Por essa métrica, apenas os 27 países da UE estariam alinhados com um cenário de 2 graus, já que essa meta requer mudanças significativas. Para sete nações do G-20, as emissões pautadas por suas metas para 2030 seriam maiores do que se não houvessem as metas.
Pontuações agregadas por país
Em um esforço para unificar metodologias diferentes, a BNEF criou pontuações agregadas por país. Dependendo do nível de ambição, cada meta recebe uma pontuação entre zero e cinco para cada métrica. Com base neste sistema, os 27 países da UE e o Reino Unido ficam no topo da lista.
O novo compromisso dos EUA é reduzir as emissões em 50% a 52% até 2030. O anúncio veio ao encontro do que estava sendo considerado, ou seja, uma redução de aproximadamente 53% até 2030.
A China e a Índia podem enfrentar alguma pressão nos próximos dias, pois seus compromissos seriam considerados ambiciosos somente por seus próprios critérios.