Queda do preço minério e acidente Samarco derrubam bonds da Vale

Por Peter Millard.

Como nunca antes, a Vale está ficando para trás de suas maiores rivais no mercado de bonds.

O total de US$ 2,25 bilhões em notas da empresa mineradora com vencimento em 2022 caíram 15 por cento nos últimos 30 dias, para uma mínima recorde, com o aprofundamento da queda nos preços do minério de ferro, último revés da companhia com sede no Rio de Janeiro. A dívida atualmente é negociada com um desconto sem precedentes em relação aos bonds da BHP Billiton e da Rio Tinto, seus pares no setor.

A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, está se saindo pior que suas concorrentes ao investir US$ 6,2 bilhões para expandir a produção em um momento em que a desaceleração da demanda da China provocou uma queda livre nos preços dos metais. Na quinta-feira, o minério de ferro afundou para o menor nível desde 2009, pelo menos, e agora está 80 por cento abaixo de seu pico de 2011. A Vale tem sido perturbada também por um desastre sem precedentes ocorrido no mês passado em uma mina administrada por sua joint-venture Samarco Mineração e pela crescente aversão a ativos brasileiros causada pelas crises política e econômica do país.

“A Vale tem um pouco mais de dificuldades de se proteger do que as outras”, disse Ernie Lalonde, analista de dívidas da DBRS, em entrevista por telefone, de Toronto. “É uma perspectiva difícil”.

A assessoria de imprensa da Vale não respondeu a um e-mail em busca de comentário sobre o desempenho dos bonds da empresa.

Carajás

O rompimento na mina da Samarco, no dia 5 de novembro, deixou cerca de 20 pessoas mortas ou desaparecidas e despejou bilhões de litros de lama e rejeitos no Rio Doce. Com a maior parte de sua produção no Brasil, a Vale poderá enfrentar uma supervisão mais rigorosa por causa do acidente, o que poderia aumentar os custos de outros projetos.

A empresa aposta que a expansão de seu complexo Carajás, no norte do Brasil, maior projeto de sua história, reduzirá custos, aumentará sua participação de mercado e compensará o efeito dos preços mais baixos. O empreendimento está 75 por cento concluído e ficará pronto para operar no ano que vem, disse a Vale em outubro.

Contudo, Lalonde, da DBRS, disse que talvez o projeto não alcance sua capacidade plena antes de 2017, o que atrasaria a capacidade da empresa de compensar o impacto dos preços mais baixos com uma produção mais barata de minério de qualidade superior.

“Carajás simplesmente já demorou demais”, disse ele. “Essas coisas é que não ajudam”.

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