Queda no preço do petróleo cru causa consequências; setor de manufatura não recupera o que foi perdido

Por James Crombie.

A economia mexicana vai crescer menos que a do Chile, Peru e Colômbia neste ano e no próximo, de acordo com previsão do FMI. A dependência do México do petróleo explica muito da letargia esperada na economia.

Não se trata apenas dos efeitos nos preços do petróleo cru; a produção também caiu. Desde agosto de 2014, a produção de petróleo mexicana caiu em quase 6%, enquanto paralelamente o preço do produto no mercado mundial despencou em mais de 56%. Os leilões fracassados de ativos da indústria do petróleo − focados em aumentar a eficiência e a produção − atraíram menos interessados do que era esperado.

As perspectivas para o petróleo cru são ruins. O México previu sua produção de petróleo em 2015 com o preço de 76,4 dólares por barril, o dobro dos 38 dólares registrados no patamar mais baixo pelo mercado em agosto. A produção para o próximo ano está avaliada em 49 dólares por barril. O petróleo foi responsável por 31% do faturamento do governo mexicano em 2014, queda de 35% em 2013.

A economia mexicana tem uma história recente de resultados pouco empolgantes: ela tem se expandido menos que o esperado em oito dos últimos 13 trimestres. Analistas ouvidos pela Bloomberg reduziram sua previsão de crescimento para 2,5%, em média, em 1º de setembro, ante os 3,4% esperados no início do ano. Economistas locais previram o avanço de 2,34% neste ano, menos que os 2,55% imaginados inicialmente, de acordo com um levantamento feito pelo Banco Central, publicado em 1º de setembro.

As previsões do FMI são que, entre as maiores economias da América Latina, o crescimento do México vai ficar à frente apenas do Brasil em 2015 e em 2016. O setor de manufatura mexicano não deve recuperar as quedas. O índice PMI chegou ao pico em janeiro, antes dos primeiros leilões de energia, segundo mostram dados da Markit.
 

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Quando, na prática, esses leilões se mostraram decepcionantes, houve uma recalibração das expectativas. O setor de manufatura é responsável por quase 50% dos ganhos do México com exportações. Além disso, a recuperação nos Estados Unidos − principal parceiro comercial do México − não está acontecendo na velocidade necessária. Analistas esperam crescimento de 2,3% do país neste ano, ante os 2,4% registrados em 2014. E a desvalorização de 9,7% do peso, nos primeiros oito meses de 2015, para chegar ao patamar mais baixo já registrado, de 17,2 em relação ao dólar, é uma faca de dois gumes. Por mais que 77% dos produtos de exportação do país tenham os EUA como destino, cerca de 55% das importações têm origem nos EUA. Então, uma moeda fraca traz apenas benefícios marginais.
 

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Para somar ao cenário futuro ruim, há risco político crescente na medida em que a popularidade do presidente Enrique Peña Nieto encolhe. “Acompanhando um ano repleto de escândalos e controvérsias, sua popularidade caiu e os mexicanos se mostram cada vez mais desapontados com pontos cruciais da sua agenda ambiciosa”, concluiu o estudo do Pew Research Center apresentado no dia 27 de agosto.

A pesquisa apontou que 44% do público tem uma avaliação positiva de Peña Nieto, ante 51% em 2014. Apenas 30% aprovam como ele está lidando com a economia, ante os 37% em 2014.

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