Por Aline Oyamada e Felipe Saturnino.
Para as melhores analistas do real, o rali do câmbio logo chegará ao fim.
Depois de o dólar cair quase 10% frente ao real neste mês — a maior queda entre as principais moedas do mundo —, a divisa está pronta para uma reversão após a eleição de domingo, que decidirá o novo presidente do país, segundo You-Na Park, do Commerzbank, e Tania Escobedo, da RBC Capital Markets, as analistas que mais acertaram o rumo do real este ano no ranking da Bloomberg.
Com as pesquisas indicando uma vitória fácil para o deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro, as duas estrategistas de câmbio dizem que a maior parte do otimismo já está precificada, uma vez que os investidores acreditam que o militar da reserva irá consertar as finanças públicas do país com uma série de medidas fiscais. No entanto, reformular o sistema previdenciário, elevar impostos e privatizar empresas estatais são medidas difíceis e impopulares, que provavelmente enfrentarão considerável resistência no Congresso. E uma vez que o mercado reconhecer que o caminho será difícil pela frente, há muito espaço para que o otimismo diminua e o real enfraqueça.
“Os mercados querem ver a reforma da Previdência perfeita, o programa de privatização perfeito, o esquema tributário perfeito”, disse Escobedo, a estrategista de moedas da América Latina do RBC sediada em Nova York, que previu corretamente a depreciação do real no primeiro semestre do ano e tornou-se a analista mais precisa no primeiro e segundo trimestres. “Há muito espaço para decepção, pois a falta de experiência política do gabinete de Bolsonaro provavelmente atrapalhará as reformas.”
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