Por Mark Shenk.
A sede aparentemente insaciável dos motoristas americanos por gasolina está se deparando com uma enxurrada de oferta.
As refinarias de todo o país norte-americano estão operando a plena capacidade e as importações estão chegando em grandes quantidades à costa leste, elevando a oferta de gasolina a um nível recorde. Ao mesmo tempo, o consumo acabou sendo menos robusto do que o previsto. Isso pesou sobre os preços, ameaçando conter a recuperação do petróleo em relação ao menor valor em 12 anos.
“No início deste ano havia muita esperança de que a gasolina provocasse o aumento do petróleo”, disse John Kilduff, sócio da Again Capital, hedge fund de Nova York focado em energia. “Acabou não sendo o caso e a gasolina em breve será um peso para o mercado”.
A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) disse em um relatório mensal, em 30 de junho, que a demanda em abril foi de 9,21 milhões de barris por dia, contra 9,49 milhões vistos nos dados semanais.
“Os dados mensais de abril levantam dúvidas sobre a ideia de que temos uma demanda confiavelmente robusta pela gasolina para apoiar o complexo como um todo”, disse Tim Evans, analista de energia do Citi Futures Perspective em Nova York.
Os estoques de gasolina ao longo da costa leste, que inclui o porto de Nova York, ponto de entrega para contratos futuros dos EUA, aumentaram para um recorde de 72,5 milhões de barris na semana que terminou em 24 de junho, mostram dados da EIA. As importações para a região atingiram uma alta sazonal de seis anos. A produção atingiu um recorde na semana anterior, porque as refinarias normalmente funcionam com mais força no segundo trimestre para atender o pico do uso de automóveis da temporada de verão.
Margens menores
A margem de refino (crack spread), um indicador aproximado do lucro da transformação do barril de petróleo em gasolina, caiu para US$ 14,58 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York em 1º de julho, nível mais baixo desde fevereiro. Os futuros de agosto terminaram junho com desconto em relação aos contratos de setembro pela primeira vez desde 2008.
O mercado de gasolina mais fraco surge em um momento em que as perturbações globais de oferta mostram sinais de melhora.
Na semana passada, Emmanuel Kachikwu, ministro de Recursos Petrolíferos da Nigéria, disse que fechou um acordo de cessar-fogo com os rebeldes, permitindo a retomada de parte da produção. Uma série de atentados na Nigéria provocou a queda da produção do país para 1,37 milhão de barris por dia em maio, nível mais baixo desde 1988, disse a Agência Internacional de Energia. Uma fatia de menos de 400.000 barris por dia da produção canadense continua parada por causa de incêndios florestais, contra mais de 1 milhão em maio.
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