Por Catarina Saraiva.
Se 2016 foi o ano dos choques políticos, este poderia ser o ano em que descobriremos como eles vão afetar a economia mundial. O Índice de Miséria da Bloomberg, que combina as projeções de inflação e desemprego dos países para 2017, pretende nos mostrar exatamente isso.
Pelo terceiro ano consecutivo, os problemas econômicos e políticos da Venezuela fazem com que ela seja o país mais miserável do ranking. O menos miserável de todos é, mais uma vez, a Tailândia — em grande parte devido à sua forma específica de calcular o emprego — e no restante da escala aparecem movimentações consideráveis de países como Reino Unido, Polônia e México, para citar alguns exemplos.
As dificuldades econômicas assolam a Venezuela há anos. A morosidade dos preços do petróleo, única exportação significativa do país, alimentou uma crise que deixou vazias as prateleiras dos supermercados, os hospitais ficaram sem remédios básicos e a criminalidade violenta disparou porque o desespero desperta a ira. Embora o país não divulgue dados econômicos desde 2015, o Índice Café con Leche da Bloomberg, cujo objetivo é monitorar a inflação através do custo de uma xícara de café, mostra um aumento de preço de 1.419 por cento desde meados de agosto. Economistas estimam que os preços praticamente se multiplicarão por seis neste ano, de acordo com a mediana das estimativas em uma pesquisa da Bloomberg.
Mudança para pior
Aproximando-se do território da Venezuela — embora nenhum país chegue nem perto de sua pontuação, de quase 500 — estão alguns países do Centro e do Leste Europeu. A Polônia, que registrou sua maior movimentação negativa nos rankings, ficou no número 28 entre as 65 economias neste ano, após ter emplacado o 45º lugar no índice de desempenho real do ano passado. Quanto maior a pontuação, mais miserável é a economia. Embora observe-se um declínio contínuo em sua taxa de desemprego após a crise financeira, a inflação aumentou para 1,8 por cento em janeiro depois do mais longo período de deflação já registrado na Polônia. Aumentos de preço similares na Romênia, na Estônia, na Letônia e na Eslováquia provocaram grandes saltos nos rankings desses países no Índice de Miséria.
A miséria também se aprofundou no México, de acordo com o índice. Após concluir 2016 no número 38, o país deve subir para o 31º lugar por causa da disparada da inflação, projetada para subir de uma média de 2,8 por cento no passado para 5 por cento em 2017. O fim dos subsídios governamentais para o combustível e o declínio de 11 por cento do peso frente ao dólar depois da eleição presidencial dos EUA, em novembro, estão pressionando os preços.
O Reino Unido subiu dois degraus na escala da miséria por causa da votação do Brexit. O referendo popular que deu início à saída do país da União Europeia conduziu a libra à sua menor cotação em 30 anos, elevando o custo dos produtos importados e, com isso, a inflação. O aumento dos preços estava lento no Reino Unido desde que os preços do petróleo caíram no fim de 2014.
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