Reação dos mercados ao status "junk" do Brasil pode ter sido exagerada

Histórico

Os sete anos de classificação de crédito do Brasil como “grau de investimento” terminaram em agosto, quando a Standard & Poor’s reduziu a classificação do país para o status de “junk”. Naquele mês, o governo brasileiro anunciou uma previsão de déficit fiscal de 30,5 bilhões de reais em 2016 ou cerca de 0,5% do seu PIB. Isso se compara com a meta de superávit de 2% de janeiro de 2015 e o objetivo revisado de 0,7% de julho.

“Os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuaram aumentando”, informou a S&P na declaração que acompanhou sua decisão. “O cenário negativo reflete o que acreditamos ser uma probabilidade maior do que uma em três de outra redução do grau de investimento devido à maior desvalorização da situação fiscal do Brasil”.

Os desafios políticos do Brasil incluem o atual escândalo da estatal Petróleo Brasileiro S.A., a produtora de petróleo mais endividada do mundo, que enfrenta alegações de corrupção, e a possibilidade de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

A decisão da S&P fez a moeda brasileira despencar e, semanas depois, o real permanece uma das moedas de pior desempenho do mundo. Como a economia da China desacelerou, os investidores saíram dos mercados em desenvolvimento — incluindo o Brasil — deixando seu mercado de ações em baixa depois de atingir um pico em maio. Para piorar o problema, existe ainda o valor da dívida externa das empresas brasileiras, o que é arriscado devido à fragilidade do real.

No final de setembro, os swaps credit-default de cinco anos dos títulos brasileiros subiram 44 pontos-base, chegando a 459 pontos-base, o nível mais alto desde outubro de 2008. O rendimento extra que os investidores exigem para manter os bonds em dólares do país com vencimento em 2025, em vez dos títulos do Tesouro, saltou para 4%, o mais alto desde que os ativos foram emitidos em 2014. E as taxas de swap no vencimento do contrato em janeiro de 2017 subiram 0,14 ponto percentual, chegando a 15,75%.

A questão

A reação do mercado aos problemas políticos e econômicos do Brasil tem sido maciçamente negativa, e alguns analistas se questionam se ela é exagerada. Os analistas da Bloomberg sugerem que sim.

Especialistas da Bloomberg Market criaram um modelo para calcular a probabilidade de inadimplência da dívida soberana do Brasil no próximo ano e descobriram que o risco é de 0,07% — um dos mais baixos da região, com base nos dados econômicos mais recentes do Banco Mundial e de outras fontes. O mercado não parece estar considerando vários fatores-chave que ajudam a determinar o risco de inadimplência do Brasil:

  • A dívida externa a vencer nos próximos 12 meses equivale a 7,17% do PIB, comparada a 16% no Chile e 12% no México.
  • O índice de reserva de moeda em relação à dívida externa líquida é de 217%, enquanto o do Chile e o do México é de 93% e 122%, respectivamente.
  • Os empréstimos inadimplentes representam 2,9% dos empréstimos totais, em linha com o índice do México, mas abaixo do Peru (4%) e da Colômbia (3%).
  • O risco político, medido pela Economist Intelligence Unit, é de 33, 10 pontos abaixo do México, do Peru e da Colômbia.

Acompanhe o risco de inadimplência do Brasil

Use as funções do Bloomberg para avaliar os fatores que contribuem para o risco de inadimplência do pagamento da dívida pelo Brasil.
 

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