Realidade virtual leva exército de Israel para debaixo da terra

Por Gwen Ackerman.

Em um edifício reformado de uma base militar da região central de Israel, soldados estão treinando para combates subterrâneos usando headsets produzidos pela Oculus, a fabricante de headsets de realidade virtual de propriedade do Facebook, e pela Vive, que pertence à empresa HTC.

O uso de realidade virtual por militares não é algo incomum — o Ministério da Defesa do Reino Unido utiliza a tecnologia em simulações de treinamento há mais de uma década –, mas os soldados de Israel estão usando RV para se preparar para ataques do Hamas por meio de túneis que atravessam a fronteira de Israel com Gaza e aprendendo como percorrer o terreno claustrofóbico tanto sozinhos quanto em equipe.

A realidade virtual permite que os comandantes coloquem soldados em exercícios que são impossíveis de realizar no mundo físico, disse seu oficial de treinamento, o tenente-coronel O., cujo nome completo não pode ser publicado devido a regras militares. Os óculos da Oculus, escolhidos por sua alta resolução, criam sistemas de túneis e obstáculos realistas para soldados sentados com computadores, e os headsets da Vive transportam um soldado de pé por baixo da terra com controles para desmantelar armadilhas. O Facebook e a HTC não responderam aos pedidos de comentário.

Implementados em abril para treinar uma força especial da unidade de engenharia de combate, os exercícios de RV têm bom custo-benefício e reduzem o tempo de treinamento pela metade, disse o tenente-coronel O. O exército investiu centenas de milhares de dólares no sistema, que compreende cerca de 10 estações de trabalho e uma experiência de túnel físico da Vive. Após o treinamento virtual, os soldados avançam para um túnel construído sobre a terra, cuja forma pode ser alterada com complementos modulares como peças de Lego gigantes.

Em serviço

O objetivo é que com a Oculus e a Vive mais soldados israelenses saibam como lutar nos túneis que os grupos militantes palestinos cavam sob a Faixa de Gaza e ao longo da fronteira com Israel. Os túneis, juntamente com os foguetes lançados sobre cidades israelenses, provocaram uma operação militar israelense contra Gaza em 2014 que deixou mais de 2.000 palestinos e 70 israelenses mortos.

Diversos soldados foram mortos durante o combate por palestinos armados que surgiram dos túneis e um soldado foi raptado por um túnel. Um relatório da controladoria estatal sobre a guerra, emitido em fevereiro, apontou que o governo e o exército estavam despreparados para lidar com a ameaça dos túneis.

Os túneis podem não “virar o jogo estrategicamente na batalha de Israel contra o Hamas”, disse Assaf Orion, pesquisador sênior do Instituto para Estudos em Segurança Nacional em Tel Aviv e ex-chefe da divisão de planejamento estratégico da equipe geral do exército de Israel. Mas eles “chamam muita atenção” e podem provocar um impacto psicológico.

Israel destruiu mais de 32 túneis na guerra de 2014 e outros dois desde então, informou o escritório do porta-voz do exército. A forma mais rápida de demolir os túneis é que os soldados entrem e instalem explosivos dentro, mas muitos túneis subterrâneos estão cheios de armadilhas justamente para uma situação do tipo, disse O.

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