Por Elizabeth Fournier, Nabila Ahmed e Ruth David.
Com acordos de vários bilhões de dólares que vão mudar a cara dos setores de saúde e mídia, 2018 deve se tornar o melhor ano da história para as fusões e aquisições globais. Agora, depois de um período de cinco anos sem precedentes de atividade abundante, os negociadores estão começando a pedir cautela.
As empresas anunciaram US$ 2,1 trilhões em transações no primeiro semestre de 2018, o que encaminha este ano para superar o total de US$ 4,1 trilhões de 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg. Vinte e quatro aquisições avaliadas em mais de US$ 10 bilhões fortaleceram os números, segundo os dados, como a aquisição da Shire pela Takeda Pharmaceutical, por US$ 62 bilhões, e a aquisição da Sprint pela T-Mobile US, por US$ 26,5 bilhões.
As fusões e aquisições continuam de vento em popa, mas alguns consultores começam a se perguntar quanto tempo esse frenesi pode durar. Ao contrário da bolha das pontocom de 2000 ou da crise das hipotecas subprime de 2007, desta vez não há nenhuma ameaça clara e iminente. Em vez disso, uma infinidade de sinais de alerta é citada como riscos potenciais.
“Os mercados de fusões e aquisições dos EUA e da Europa estão funcionando a todo vapor, e estamos passando por um momento favorável a assumir riscos”, disse Eamon Brabazon, codiretor de fusões e aquisições para Europa, Oriente Médio e África no Bank of America. “O que aparece tende a se normalizar com o tempo”, disse ele, citando potenciais forças contrárias, como avaliações altas, incerteza em relação a regulamentações e a normas antitruste e riscos geopolíticos.
“Qualquer um que tenha visto isso antes, e que esteja envolvido no mercado de fusões e aquisições regularmente, precisa estar ciente de que, em algum momento, alguns desses riscos podem exercer uma influência no mercado”, disse Stephen Arcano, sócio da fusões e aquisições e chefe global de transações do escritório de advocacia Skadden Arps Slate Meagher & Flom.
Mas, por enquanto, o apetite por aquisições se mantém firme. Na quarta-feira, a 21st Century Fox, de Rupert Murdoch, aumentou sua oferta pela Sky, avaliando a emissora em 24,5 bilhões de libras (US$ 32 bilhões) e superando a oferta anterior da Comcast.
Desde que o S&P 500 Index atingiu um recorde em janeiro, uma guerra comercial cada vez mais intensa com a China e as tensões geopolíticas em torno do relacionamento dos EUA com a Coreia do Norte e o Irã abalaram os mercados. Órgãos reguladores, como o Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA, tomaram medidas enérgicas para reprimir as aquisições de empresas locais por parte de pretendentes estrangeiros, o que frustrou o maior acordo do ano ao afirmar que a tentativa da Broadcom de adquirir a Qualcomm poderia representar um risco à segurança nacional. O presidente dos EUA, Donald Trump, barrou o acordo em março.
Os investidores também estão começando a pedir cautela em relação aos níveis recorde de fusões e aquisições, derrubando as ações de empresas que anunciaram o patamar mais alto de transações em pelo menos uma década.
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