Por Brian Louis com a colaboração de David Biller.
A Spread Networks despontou para a fama pelas mãos do autor Michael Lewis, que relatou no livro “Flash Boys: Revolta em Wall Street” as obras de perfuração da empresa em montanhas e estacionamentos para construir uma rede de fibra ótica mais direta – e, portanto, mais rápida – conectando as principais bolsas de valores na Costa Leste dos EUA e na região de Chicago.
A próxima cartada da Spread é acelerar as transações entre o Brasil e os EUA.
A companhia fez uma parceria com a Seaborn Networks, que construiu e opera um cabo submarino de milhares de quilômetros que corta o Oceano Atlântico. A Spread é revendedora exclusiva de acesso à rede para clientes do setor financeiro.
O plano era ativar o serviço no começo de outubro.
“É uma rota grande e bonita”, disse Dan Spivey, fundador e presidente da Spread Networks, sediada em Ridgeland, no Estado americano de Mississippi. “Vai ser de altíssima qualidade mesmo.”
Os traders mais rápidos dos mercados da atualidade realizam ordens em frações de segundo e precisam de redes de alta velocidade para enfrentar a concorrência. A Seaborn acredita que sua rota entre o Brasil e os EUA será a mais rápida por um bom tempo e que o acesso à mesma pode se tornar artigo de primeira necessidade para investidores que tentam ganhar em cima de oportunidades de arbitragem entre bolsas dos dois países.
‘Conexão mais veloz’
“Com base em tudo o que observamos, estamos muito confiantes que, por um período significativo e levando em conta todos os outros planos de construção, nossa solução completa toda em fibra vai superar qualquer outra abordagem viável para lidar com a conexão mais veloz entre esses dois mercados”, afirmou Larry Schwartz, presidente da Seaborn, sediada em Beverly, Massachusetts.
O acesso à rota custará US$ 55.000 por mês, de acordo com Spivey, além da taxa única de entrada de US$ 45.000.
Vender o serviço é apenas parte da estratégia da Seaborn. A empresa também oferece acesso a empresas fora do setor financeiro, incluindo a Telecom Italia, informou Schwartz.
Outras empresas oferecem acesso ao Brasil, incluindo a GTT Communications, que adquiriu a provedora de rede de alta velocidade Perseus neste ano. “Ainda não se sabe” se a rota oferecida por Seaborn e Spread Networks será mais rápida do que a opção da GTT, disse Jeff Mezger, diretor sênior de gestão de produto da última. A companhia oferece outros produtos para os clientes e nem todos os traders se importam somente com velocidade, ele disse.
“A Perseus nos levou a diversos novos mercados e o Brasil é importante área de foco para nós”, disse Gina Nomellini, diretora de marketing da GTT, que tem sede em McLean, Virgínia.
Conforme o livro “Flash Boys”, a Spread instalou uma linha de fibra ótica perto das principais bolsas de Chicago e Nova York. Isso ajudou investidores especializados em alta velocidade a fazer arbitragem entre pequenas diferenças de preço de produtos similares. Por exemplo, arbitrando contratos futuros do S&P 500 entre o sistema de correspondência da CME Group (instalado bem perto de Chicago) e as centrais de processamento de dados de transações com ações e fundos (que ficam no Estado de New Jersey, bem perto de Wall Street). No entanto, a linha da Spread deixou de ser a mais moderna na transmissão de informações entre as duas bolsas: torres de micro-ondas são capazes de enviar dados mais rápido ainda.
Segundo Mezger, os traders têm algumas oportunidades de arbitragem na rota entre EUA e Brasil, incluindo a negociação de ações na Bovespa e de ADRs (American Depository Receipts ou recibos equivalentes a ações negociados no mercado americano) correspondentes em Nova York. Também existem possibilidades de arbitragem nos mercados de câmbio e commodities, ele disse.
Seaborn, Spread e GTT podem se beneficiar à medida que o Brasil sai da pior recessão que já enfrentou. “Há uma sensação de otimismo renovado”, disse Mezger, acrescentando que também há “interesse renovado de parte de firmas estrangeiras em acessar e negociar nos mercados brasileiros.”
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