Por Josue Leonel.
O mercado brasileiro, especialmente o de ações, tem potencial de vivenciar um longo período de ganhos se governo conseguir aprovar a reforma da Previdência e quando a melhora da confiança começar a impulsionar o crescimento da economia e os resultados das empresas. Mercados de dólar e juros também podem ser favorecidos pelo clima otimista, ainda que enfrentem um obstáculo importante: a tendência de alta dos juros norte-americanos.
O Ibovespa subiu 9,4% em dólar nos últimos 30 dias e está entre os índices acionários de melhor performance no período, reverberando a vitória de Jair Bolsonaro na eleição no 1º turno com diferença maior do que a apontada pelas pesquisas e desempenho de seu partido, que surpreendeu formando a 2ª maior bancada da Câmara. O real, no mesmo período, se valorizou 1,5% em relação ao dólar.
A aprovação da reforma da Previdência é vista como muito difícil de ocorrer ainda este ano e, por isso, não está precificada. Se vier a ocorrer, terá um forte impacto na bolsa, diz Frederico Sampaio, chefe de renda variável da Franklin Templeton no Brasil, em entrevista por telefone. Ele vê a agenda reformista do próximo governo como amplamente favorável ao mercado. “Podemos entrar numa tendência de alta por um longo tempo dependendo da execução das reformas pelo governo.”
Mesmo que as reformas fiquem para 2019, um gatilho para nova alta dos ativos brasileiros pode se desenhar ainda este ano se os índices de confiança já em novembro começarem a subir, refletindo as apostas em maior crescimento da economia no próximo ano. Um PIB mais forte levaria ao aumento das estimativas de lucros das empresas e à revisão dos múltiplos das ações. “Se o aumento da confiança começar a apontar para um PIB de 4%, a bolsa terá muito o que subir”, disse Sampaio.
Enquanto a bolsa tem sido vista como mercado que poderia ganhar mais com as reformas e um PIB vigoroso, o dólar e as taxas de juros estão mais expostos ao cenário internacional, que tende a se complicar devido à alta dos juros americanos. Ainda assim, estes segmentos também poderão ser favorecidos dependendo do volume de entrada de capitais no país.
“A Bovespa é a maior beneficiária da perspectiva de reformas, seguida pelos DIs”, diz Ilya Gofshteyn, estrategista macro do Standard Chartered Bank. Para ele, a moeda brasileira poderá ter bom desempenho mesmo em um contexto de alta dos juros do Federal Reserve, mas a busca por proteção no mercado de câmbio internacional vai ser um “vento contrário persistente” para o câmbio.
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