Reformas podem dar a Temer força para apontar sucessor em 2018

Por Samy Adghirni e Raymond Colitt.

O presidente Michel Temer terá força para definir a eleição presidencial de 2018 se seu plano de frear gastos do governo conseguir tirar a economia da recessão, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em entrevista.

“Ninguém vai querer ser candidato contra um governo que tiver a economia caminhando a favor”, disse Maia no Palácio do Planalto, onde, por lei, ocupa interinamente a Presidência da República até quinta-feira, quando Michel Temer volta de uma viagem à Ásia. “Se a nossa projeção estiver certa, o governo será o principal condutor da sucessão presidencial.”

O desencanto dos eleitores com a classe política ficou evidente nas eleições municipais de 2 de outubro, quando as taxas de abstenção deram um salto e muitos candidatos que se identificavam como não políticos levaram vantagem. O próprio Temer tem índices de aprovação pouco superiores aos de sua antecessora, Dilma Rousseff, cassada no fim de agosto. O presidente, advogado constitucional de 76 anos de idade, está apostando seu capital político na redução de um Estado pesado e na abertura de mais espaço para o setor privado com a esperança de atrair investimentos. Ele afirmou diversas vezes que não concorrerá à Presidência.

Embora a inflação alta gerada pelo gasto excessivo torne a austeridade mais fácil de vender, a mudança na Constituição para reduzir pagamentos das pensões será “muito mais difícil”, disse Maia. Ele acredita que a Câmara aprovará a proposta de limite de gastos do governo com uma margem semelhante à obtida no primeiro dos dois turnos de votação. Mas se a proposta para a Previdência não for aprovada até meados de 2017, a reforma da previdência poderá emperrar num Congresso já dominado pela corrida presidencial de 2018, disse Maia.

O governo pressionará pela votação da reforma da Previdência até o fim do primeiro semestre de 2017 e só desistirá desse cronograma “se de fato não tiver votos suficientes”, disse o deputado de 46 anos do partido Democratas, de direita.

Uma das ameaças ao gabinete de Temer e à sua base aliada no Congresso são as consequências da Operação Lava Jato, que começou no início de 2014 e colocou altos executivos e líderes de partidos atrás das grades, disse Maia.

A imprensa brasileira publicou que ex-executivos de construtoras investigadas na operação estão preparando delações premiadas que implicariam 130 parlamentares, membros do gabinete e governadores de estados.

“A variável mais difícil de prever hoje no Brasil é a Lava Jato”, disse Maia. “A questão é quem vai sobreviver, quem estará vivo em 2018.”

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