Por Julie Edde.
Dois pesos e duas medidas?
Uma mudança de regra que entrou em vigor nesta quarta-feira sob a Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia (conhecida pela sigla MiFID II) foi adotada para facilitar a comparação das taxas cobradas por fundos de investimento. Mas com a falta de metodologia consistente, surgem dificuldades para entender exatamente o que está sendo comparado.
Os investidores “vão encarar uma colcha de retalhos de informações contraditórias em 2018”, disse Thomas Richter, presidente da BVI, a associação de fundos de investimento da Alemanha. “Isso vai confundir os consumidores em vez de esclarecer as coisas.”
Pela primeira vez, os gestores de fundos são obrigados a revelar a composição das taxas que cobram de bancos, seguradoras e outras entidades distribuidoras de produtos de investimento. Segundo a BVI, os investidores vão receber até quatro documentos para o mesmo fundo, dependendo se vêm de um banco, gestora de ativos, seguradora ou de um produto de previdência existente na Alemanha chamado Riester. A forma de revelação dos custos fica a cargo das entidades distribuidoras. As metodologias e estimativas usadas para calcular os custos de transação variam entre gestoras de fundos.
“Até um padrão comum surgir, talvez será difícil para os investidores fazer comparações diretas de custos”, disse James Norton, planejador sênior de investimentos da Vanguard Group, que administra US$ 4,9 trilhões. “Disponibilizamos os dados necessários para todos os nossos parceiros de distribuição.”
Transparência de preços
MiFID II pretende proteger os investidores ao exigir mais informações sobre a adequação dos produtos e sobre as negociações de ativos. Isso faz parte dos esforços em prol dos investidores na maior reformulação das regulamentações financeiras da região em uma década. Os custos podem incluir despesas de administração, taxas de performance, retrocessão e pagamentos de gestoras de recursos a entidades distribuidoras.
As gestoras de recursos não são diretamente sujeitas aos regulamentos, mas precisam divulgar informações sobre custos e taxas em todos os canais de distribuição. A pedido de clientes, Hargreaves Lansdown e BlackRock começaram a divulgar informações adicionais sobre taxas em dezembro.
“Estamos fazendo a decomposição da cadeia de produção da gestão de recursos”, explicou Daniel Roy, presidente da La Banque Postale Asset Management, que supervisiona 217 bilhões de euros (US$ 261 bilhões) em ativos. “É aí que as margens escondidas vão desaparecer.”
Novas discussões
Apesar das imperfeições iniciais, a mudança permitirá que os consumidores entendam melhor os custos dos fundos – especialmente as comissões pagas a distribuidoras, que representam mais da metade das taxas de administração, de acordo com Jean-Pierre Grimaud, presidente da OFI Asset Management, responsável por aproximadamente 70 bilhões de euros em ativos.
“Uma das primeiras reações dos consumidores será afirmar que é muito caro”, disse Grimaud. “Então haverá uma conversa séria entre o distribuidor e quem originou o fundo. O distribuidor está disposto a reduzir suas margens? A primeira reação deles será pedir para reduzirmos as nossas, mas após certo ponto, o corte de margens chegará ao limite.”
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