Por Os Editores.
No domingo, o partido francês Os Republicanos escolherá seu candidato para a eleição presidencial do primeiro semestre do ano que vem. As pesquisas de opinião dizem que Os Republicanos levam tanta vantagem que o partido, na verdade, está prestes a nomear o próximo presidente da França – Alain Juppé ou François Fillon, ex-primeiros-ministros que propõem programas conservadores não muito diferentes.
Seria bom se desta vez as pesquisas acertassem. A alternativa provável para qualquer um desses homens seria desastrosa – e não apenas para a França.
O apoio ao Partido Socialista desmoronou: o índice de aprovação (se essa for a palavra certa) do presidente François Hollande é de 4 por cento. Então, é provável que o candidato republicano enfrente Marine Le Pen, líder da populista Frente Nacional. Ela é a resposta da França a Donald Trump, só que com mais autodisciplina, mais xenofobia e uma ideia mais clara de seu objetivo. Se ela ganhar, a União Europeia ficaria ferida, talvez fatalmente. Na comparação, o Brexit seria apenas um pequeno incômodo.
Le Pen comemorou o triunfo do Brexit no Reino Unido, em junho, como o começo do fim da UE – projeto que ela descreveu como “objetivamente um fracasso total”. Uma UE sem a França, que concebeu e construiu a UE junto com a Alemanha, é objetivamente difícil de imaginar. Uma vitória da Frente Nacional abalaria a Europa mais violentamente do que a vitória de Trump abalou os EUA.
As pesquisas sugerem que tanto Fillon quanto Juppé devem ganhar facilmente de Le Pen – mas há muitas incógnitas. Não se sabe quem representará os socialistas, por exemplo, nem se Emmanuel Macron (que deixou o governo neste ano e lidera um novo partido) conseguirá muito apoio. Mas agora a ameaça de Le Pen parece real.
Fillon se saiu inesperadamente bem na primeira rodada da eleição primária e parece estar bem posicionado para vencer Juppé e conseguir a nominação – isso é bom, porque ele seria um rival mais forte de Le Pen. Em comparação com Juppé, ele não é amigo do multiculturalismo nem da Comissão Europeia. Ele tem uma postura de linha-dura em relação ao “totalitarismo islâmico”. Ele diz que os imigrantes deveriam se assimilar, quer limitar a imigração vinda de fora da UE e propõe reformar (mas não desmantelar) o sistema de movimentos dentro das fronteiras da UE. Isso o coloca em melhor posição para impedir que o apoio conservador deslize para Le Pen.
As reformas econômicas duras, mas benéficas de Fillon – entre elas, a desregulamentação do mercado de trabalho – também têm a vantagem de serem exatamente o que a França precisa. O país pode até estar pronto para elas.
Le Pen não é a única rebelde populista da Europa e lidar com esse perigoso aumento do descontentamento não é tarefa exclusiva dos políticos franceses. Os governos e instituições dos outros países-membros da UE precisam reconhecer que muitos cidadãos têm dúvidas sobre o projeto. Sem consentir nem se render, eles precisam mostrar que os estão escutando. Ignorar essas preocupações foi uma falha no processo do Brexit. A UE não pode se dar ao luxo de cometer o mesmo erro com a França.
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