Reservas crescem e Brasil devora títulos do Tesouro dos EUA

Por Katherine Greifeld e Aline Oyamada
A China certamente chamará atenção pela gigantesca posição em títulos do governo americano, mas os investidores internacionais também estão de olho nos dados sobre o Brasil.A posição do Brasil em títulos dos EUA cresceu US$ 29,2 bilhões durante o primeiro trimestre de 2018 — o maior aumento entre todos os países acompanhados — para um recorde de US$ 286 bilhões no final de março, de acordo com dados divulgados pelo Departamento do Tesouro em Washington. É mais do que o volume somado de Reino Unido e Índia, países que vêm após o Brasil no ranking de compradores líquidos. A China, maior credora dos EUA no exterior, aumentou sua posição em apenas US$ 2,8 bilhões no período.

A expectativa é que a tendência ascendente na posição brasileira se mantenha, uma vez que as reservas cambiais (concentradas em ativos denominados em dólar) aumentaram quase US$ 3 bilhões em abril e maio. Naquele mês, o rendimento do título do Tesouro de referência subiu mais de 0,21 ponto percentual e passou de 3,1 por cento no mês seguinte, o maior patamar em vários anos.

“Diante da elevação do rendimento, isso pode sugerir maior apetite por papéis do Tesouro americano” por investidores brasileiros, disse Maurício Oreng, estrategista do Rabobank em São Paulo.

Preocupações relativas à valorização do dólar também podem estar por trás do aumento da demanda de investidores brasileiros por títulos dos EUA, como forma de hedge contra a alta da moeda americana, explicou James Gulbrandsen, que trabalha no Rio de Janeiro e ajuda a supervisionar US$ 3,5 bilhões na NCH Capital.

Em 2018, o real acumula depreciação de aproximadamente 12 por cento em relação ao dólar, derrubado pelo pessimismo com a economia doméstica e pela incerteza em torno da eleição presidencial em outubro.

Moedas de países emergentes “foram duramente atingidas em fevereiro e março”, disse Gulbrandsen. “Talvez tenha havido preocupação de que o movimento chegaria ao Brasil.”

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