Reservas de moeda estrangeira da China tiveram uma queda recorde

As reservas de moeda estrangeira da China tiveram uma queda recorde no mês passado, pois o banco central vendeu dólares para sustentar o yuan depois que a maior desvalorização em duas décadas estimulou apostas de que a fragilidade continuará.

As reservas acumuladas caíram US$ 93,9 bilhões, para US$ 3,56 trilhões no fim de agosto, contra US$ 3,65 trilhões um mês atrás. Os economistas consultados pela Bloomberg tinham previsto uma média de US$ 3,58 trilhões. O yuan se desvalorizou na negociação offshore e os contratos de futuros dos títulos do Tesouro dos EUA a dez anos caíram após a divulgação dos dados.

A diminuição das reservas ilustra o custo para a China em um momento em que está sustentando sua moeda e tentando deter uma fuga de capitais que ameaça aprofundar a desaceleração econômica do país. O encolhimento das reservas significa menos dinheiro fluindo para o sistema financeiro, criando o que os estrategistas do Deutsche Bank AG chamaram de “ajuste quantitativo”.

“Se a intervenção do banco central continuar, as reservas cambiais da China continuarão encolhendo – quanto maior a intervenção, mais profunda a queda”, disse Li Miaoxian, analista da Bocom International Holdings em Pequim. Embora o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) esteja tentando reforçar a taxa de câmbio do yuan, é “inevitável” que o país experimente fugas contínuas de capital e uma pressão para desvalorizar o yuan nos próximos meses.

Confiança

As autoridades chinesas transmitiram confiança na solidez subjacente da economia, prevendo uma estabilização das ações e da moeda em uma reunião das autoridades financeiras do G20 na sexta-feira e no sábado. Reunido em Ancara, o G20 se comprometeu a evitar reagir às desvalorizações das moedas com mais desvalorizações; o chefe do Tesouro dos EUA disse que a China deveria evitar desalinhamentos persistentes da taxa de câmbio.

A maior queda da moeda da China em 21 anos, ocorrida no mês passado, causou preocupação de que um yuan desvalorizado prejudique os países que exportam para a China.

As reservas da China mais do que triplicaram nos últimos dez anos, porque o PBOC comprou dólares para desacelerar a apreciação do yuan em meio a um crescente superávit fiscal. Para garantir que o fluxo de entrada de dinheiro não estimulasse uma disparada da inflação, o banco central subiu a razão de reservas exigida aos bancos. Como agora as reservas estão indo no sentido contrário, o banco central diminuiu os requisitos de reservas, e os economistas projetam mais reduções.

As expectativas de que neste ano os EUA aumentarão suas taxas de juros pela primeira vez desde 2006 também estão atraindo fundos da China, que vem liberalizando a política monetária desde novembro.

Esperança e medo

“A esperança para o PBOC, acreditamos, é que a extrema pressão para venda sobre o yuan ceda e eles possam permitir uma depreciação moderada para reestabelecer a competitividade das exportações”, escreveram os economistas da Bloomberg Intelligence Tom Orlik e Fielding Chen, em uma nota. “O receio é que os dados de hoje reforcem a visão do mercado de que o único caminho para o yuan é desvalorizar, acelerando ainda mais as fugas de capital”.

Uma mudança prolongada de compra para venda da China adicionaria pressão para aumentar os yields dos títulos do Tesouro dos EUA, escreveram os analistas.

“O banco central não vai deixar suas reservas cambiais encolherem US$ 100 bilhões por mês”, disse Li Jie, chefe do centro de pesquisa sobre reservas em moeda estrangeira da Universidade Central de Finanças e Economia em Pequim. “Se o mercado quiser realmente que o yuan se enfraqueça, pode ser que o PBOC diga ‘ok, está bem’ e reduza sua intervenção”.

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