Por Ranjeetha Pakiam.
Ao mesmo tempo em que a crise da Venezuela se torna mais aguda, suas reservas em ouro diminuem.
Os ativos voltaram a cair em maio, recuando de 6,63 milhões de onças em abril para 6,24 milhões de onças e registrando a quarta queda consecutiva, de acordo com dados do site do Fundo Monetário Internacional. Durante os últimos 12 meses as reservas do país encolheram 36 por cento e desde fevereiro de 2015 se reduziram quase pela metade.
Importações vitais
O governo socialista da Venezuela, com grandes problemas, está lutando para captar recursos para pagar importações vitais e honrar sua dívida, com uma economia quase em queda livre em um momento em que a produção diminui e os consumidores tentam sobreviver à pior inflação do mundo. Paralelamente, o país está envolvido em uma crise constitucional em que parlamentares da oposição intensificam as iniciativas para enfrentar o governo do presidente Nicolás Maduro.
O governo poderia optar por reduzir as reservas internacionais para honrar pagamentos de dívida durante 2016, de acordo com o Goldman Sachs Group. No entanto, o banco disse em uma nota que, independentemente da disposição do governo para pagar, “o momento do acerto de contas financeiro está cada vez mais próximo”.
Há sinais de que os ativos em ouro do país podem continuar em queda. A Suíça importou 5,1 toneladas de ouro da Venezuela em junho, de acordo com a Administração Federal das Alfândegas.
Novo empréstimo
Um fundo financiado por oito bancos centrais latino-americanos decidiu na semana passada emprestar dinheiro para a Venezuela, porém o empréstimo de US$ 482,5 milhões não é suficiente para solucionar a escassez crônica de dólares e equilibrar o déficit da balança de pagamentos, de acordo com a Nomura Holdings. O plano do empréstimo foi questionado pela oposição.
As últimas projeções do FMI para a Venezuela mostram que a economia registrará uma contração de 10 por cento em 2016, a maior contração em mais de uma década, e que a inflação vai acelerar para cerca de 700 por cento. Em julho, o Conselho Mundial do Ouro disse que os ativos em ouro da Venezuela equivalem a 61,7 por cento do total das reservas.
O lingote avançou 24 por cento neste ano porque a demanda por refúgio aumentou e o Federal Reserve não voltou a elevar os juros após o aumento do ano passado. O ouro para entrega imediata era negociado a US$ 1.320,56 por onça às 8h54 desta terça-feira, em Nova York. Em maio, quando os ativos da Venezuela caíram novamente, os preços recuaram 6,1 por cento.
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