Resultados de empresas devem vir bons no 2T apesar da greve

Por Vinícius Andrade e Fabiola Moura.

O crescimento dos lucros corporativos no Brasil provavelmente aumentou no segundo trimestre graças à recuperação cíclica e às taxas de juros mais baixas, que superaram os efeitos da greve dos caminhoneiros que parou o país por 11 dias.

Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização deverão aumentar 27 por cento no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg de 54 das 67 empresas que compõem o Ibovespa.

Apesar de as empresas terem sido afetadas pela greve em maio, que esvaziou as prateleiras dos supermercados, paralisou o transporte e interrompeu serviços básicos, as comparações com a situação de um ano atrás ainda são bastante favoráveis. A recuperação em curso após dois anos de recessão, o forte crescimento global, que aumentou a demanda por exportações, e a alta dos preços do petróleo, que ajudou a Petrobras, deverão ampliar as vendas e os lucros, disseram analistas.

“Ainda tem muito a ser recuperado em termos de lucros corporativos”, disse Luiz Cherman, estrategista de ações do Itaú BBA, em entrevista, em 11 de julho. O Itaú BBA revisou recentemente as estimativas de lucro das empresas brasileiras para 2018 e no momento projeta um aumento de 58 por cento para este ano, pouco abaixo da projeção anterior, de 68 por cento, devido ao impacto da greve dos caminhoneiros.

As tendências globais favoráveis ajudaram a respaldar as empresas locais no segundo trimestre, segundo Daniel Gewehr e João Noronha, analistas do Banco Santander Brasil. O Santander acredita que os lucros serão um catalisador positivo para as ações da MRV Engenharia e Participações, da Petrobras, da Rumo, da Tegma Gestão Logística e da Tupy e que os resultados podem pressionar as ações da Anima Holding, da CCR, da EZ Tec Empreendimentos e Participações, da Raia Drogasil e da Ultrapar Participações.

A MRV, a terceira maior construtora de residências do mundo, ergueu 600 unidades a menos em maio por causa da greve, disse o copresidente Eduardo Fischer, em entrevista, em 12 de julho. Ainda assim, os números preliminares apontam para o melhor segundo trimestre da história da empresa com base nas vendas e nos novos projetos apesar das interrupções no recebimento de materiais de construção.

O BTG Pactual prevê que os lucros brasileiros “crescerão muito bem em termos absolutos graças à melhora das margens operacionais, ao crescimento das vendas, que finalmente começam a se recuperar, e aos resultados financeiros melhores”, escreveram os analistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira em nota. O banco projeta que os lucros consolidados das empresas crescerão 17 por cento neste ano se excluídos os resultados da produtora de minério de ferro Vale e da Petrobras.

O JPMorgan Chase afirma que as empresas brasileiras registrarão o maior crescimento do lucro de toda a América Latina neste ano.

O otimismo em relação aos lucros do segundo trimestre contrasta com as projeções de crescimento econômico para o período. Os economistas reduziram suas estimativas para a expansão do produto interno bruto no período de três meses encerrado em junho para 0,2 por cento, contra uma previsão de 0,9 por cento no início do ano. O Ibovespa caiu 15 por cento ao longo desses três meses, pior trimestre do índice de referência desde o terceiro trimestre de 2015, embora tenha recuperado aproximadamente metade dessa perda desde o início de julho.

Apesar de toda a preocupação com os efeitos da greve dos caminhoneiros, o Itaú BBA mantém posição overweight para o Brasil em seu portfólio latino-americano. Cherman prevê que o Ibovespa encerrará o ano com 83.700 pontos, o que representaria um aumento de 5,7 por cento em relação ao nível atual.

“Nos últimos anos, as empresas reduziram suas dívidas, cortaram os custos e agora estão em uma posição mais bem equilibrada para crescer novamente”, disse Cherman.

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