Por Mark Burton e Eddie van Der Walt.
A revolução dos veículos elétricos, que deverá impulsionar setores como energia e infraestrutura, também está criando vencedores e perdedores nos maiores mercados de metais do mundo.
Algumas das maiores produtoras diversificadas de minérios, como a Glencore, argumentam que combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo ainda cumprem um papel fundamental no atendimento às necessidades energéticas, mas estas empresas também serão as maiores beneficiadas da mudança para os carros elétricos, que exigirá mais cobalto, lítio, cobre, alumínio e níquel.
A perspectiva de transporte mais ecológico teve impulso neste ano, quando o Reino Unido se uniu à França e à Noruega ao decidir proibir as vendas de carros movidos a combustíveis fósseis dentro de algumas décadas. Ao mesmo tempo, a Volvo anunciou planos para abandonar o motor de combustão e a Tesla revelou o Model 3, seu produto mais recente e mais barato. As vendas desses veículos superarão as dos automóveis movidos a petróleo dentro de duas décadas, estima a Bloomberg New Energy Finance.
“Para alguns metais, é um grande divisor de águas”, disse Simona Gambarini, economista especializada em commodities da Capital Economics em Londres. “Já vimos um grande impacto em alguns metais, como o cobalto e o lítio, que subiram nos últimos anos.”
Os carros elétricos contêm cerca de três vezes mais cobre que um veículo normal, segundo a Glencore. Uma quantidade ainda maior é necessária para as estações de recarga e a Exane BNP Paribas prevê que essa infraestrutura aumentará a demanda em cerca de 5 por cento até 2025. O lítio, o cobalto, o grafite e o manganês utilizados nas baterias também verão demanda adicional.
Cobre e cobalto
A Glencore receberá impulso com o aumento das vendas de veículos elétricos, que respalda os preços do cobre, e também de sua posição de maior produtora de cobalto do mundo, segundo o Jefferies Group. A Freeport-McMoRan e a First Quantum Minerals também estão entre as melhores escolhas dos investidores de longo prazo que buscam tirar proveito da tendência, informou a corretora em nota, na terça-feira.
Os mercados estão respondendo. O cobalto subiu 70 por cento na Bolsa de Metais de Londres neste ano após avançar 37 por cento em 2016. Os preços do lítio estenderam os ganhos nos últimos anos. O cobre também cresceu 14 por cento em 2017 devido aos sinais de ressurgimento do crescimento econômico, particularmente na China.
Por outro lado, produtores de chumbo como Recylex e Campine podem precisar adaptar as operações à nova era. O principal uso final do chumbo são as baterias de partida para motores a gasolina e a diesel. Os veículos elétricos, em contrapartida, são alimentados por unidades de íons de lítio.
“É um risco sério para a demanda do chumbo, a menos que você encontre diferentes aplicações para compensar o declínio”, afirmou Michael Widmer, chefe de pesquisa do mercado de metais do Bank of America Merrill Lynch em Londres.
Não são apenas as diferenças no uso de baterias e fios que estão forçando uma mudança.
Metais leves como o alumínio estão substituindo o aço para permitir que os carros rodem mais usando menos energia. A mudança já expandiu a demanda em cerca de 1,6 milhão de toneladas, ou 2,7 por cento da produção global, entre 2013 e 2016, uma tendência que provavelmente vai acelerar, disse Widmer.
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