Por David Stringer.
A Rio Tinto, segunda maior exportadora de minério de ferro do mundo, vai cortar o ritmo de expansão da oferta devido a queda de preços em meio a um excesso de oferta no mercado.
A produção da matéria-prima utilizada para produzir aço vai aumentar cerca de 7 por cento neste ano, para 350 milhões de toneladas, menos do que a expansão de 11 por cento em 2015, de acordo com um comunicado da Rio Tinto, com sede em Londres, na terça-feira. A BHP Billiton, que divulgará sua produção na quarta-feira, prevê um crescimento de 6 por cento no ano até 30 de junho em suas minas australianas, um salto de 13 por cento em relação ao ano anterior.
“Sempre que você vê o crescimento da produção ficar mais lento em um mercado que já possui excedente, isso é uma boa notícia”, disse David Lennox, analista da Fat Prophets em Sidney, por telefone. “No entanto, eles ainda estão aumentando a produção e isso vai continuar a colocar pressão sobre os preços do minério de ferro neste ano”.
A matéria-prima caiu mais de 75 por cento em comparação com o pico de 2011 e no mês passado atingiu o menor preço em registros diários que remontam a maio de 2009, quando a produção e a demanda de aço caíram na China. A produção das siderúrgicas da China, que produzem metade da oferta global, diminuiu 2,3 por cento no ano passado, o primeiro declínio desde pelo menos 1991, disse o escritório de estatísticas na terça-feira.
Preços mais baixos
Os principais fornecedores, incluindo a Vale e a BHP, continuam a aumentar a produção, uma estratégia que está ajudando a cortar os custos, mas aumenta o excesso mundial. O minério com 62 por cento de conteúdo entregue em Qingdao avançou 3,7 por cento, para US$ 42,66 a tonelada seca na segunda-feira depois de cair 2,4 por cento na semana passada, de acordo com a Metal Bulletin. A commodity atingiu o preço mais baixo de US$ 38,30 em 11 de dezembro.
A Rio Tinto subiu 0,3 por cento, para 38,82 dólares australianos em Sidney, diminuindo sua perda no ano passado para 28 por cento.
O ano de crescimento mais fraco na China desde 1990 e a transição de setores mais intensivos de metais para a expansão direcionada pelo consumo significa que a perspectiva para os preços das commodities permanece moderada, disse o CEO Sam Walsh na semana passada em um e-mail para sua equipe que a Bloomberg News teve acesso a uma cópia. A Rio Tinto vai congelar os salários neste ano e limitar as despesas com viagem.
Mercado desafiador
A Rio Tinto está lidando com um “cenário de mercado desafiador para a indústria”, disse Walsh na terça-feira no comunicado. “Vamos continuar a nos concentrar na gestão disciplinada de custos e capital para maximizar a geração de fluxo de caixa durante 2016”. Os gastos de exploração e avaliação foram cortados em 25 por cento para US$ 576 milhões em 2015, disse a Rio Tinto.
Os preços do minério de ferro ainda não chegaram ao fundo, de acordo com o Citigroup, que na semana passada elevou a perspectiva de queda dos preços abaixo dos US$ 30, sua previsão mais pessimista. Os mercados de commodities provavelmente precisam de mais perdas para instigar os cortes de produção necessários para acabar com o excesso, disse o Goldman Sachs, em um relatório em 15 de janeiro.
Surpresa necessária
“É bom ver a taxa de crescimento lenta no que só pode ser descrito como um mercado muito difícil, mas está em linha com as expectativas”, disse Jeremy Sussman, analista na Clarksons Platou Securities, por telefone, de Nova York. “Para os investidores ficarem animados com o minério de ferro eles precisam ver alguma surpresa nos quatro grandes produtores em termos de um crescimento de produção mais lento do que o esperado na comparação anual”.
A produção da Rio Tinto nos três meses até 31 de dezembro cresceu 10 por cento, para 87,2 milhões de toneladas, disse a empresa. Isso se compara com 79,1 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior. Abaixo de 91 milhões de toneladas, segundo estimativa mediana de seis analistas consultados pela Bloomberg.
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