Por Paula Sambo e Christiana Sciaudone.
O índice de desemprego no Brasil está perto de um recorde, mas na sede do aplicativo de transporte 99 não há nenhum indício dessa situação.
A maior empresa de tecnologia de reserva de táxis do Brasil está ampliando seu escritório em São Paulo depois de apenas 17 meses porque pretende quintuplicar sua equipe em 2017 para 1.000 funcionários. Apoiada no início do ano pela Didi Chuxing e pela Softbank, a 99 planeja se expandir para o restante da América Latina em um futuro próximo e está à procura de mais capital — seus executivos estiveram recentemente em São Francisco.
Mesmo tendo um forte concorrente como a Uber, a empresa não vê um fim próximo para seu potencial.
“Não consigo nem mesmo prever qual será o tamanho do mercado do Brasil”, disse o diretor jurídico, de política e comunicação da 99, Matheus Moraes, em entrevista na sede da empresa em São Paulo. “Nós tentamos projetar, mas não conseguimos.”
As novas adições à equipe ajudarão a 99 a crescer em um país com infraestrutura ruim e redes de transporte público deficientes. O trânsito nas maiores cidades é intolerável, com corridas que chegam a ser cinco vezes mais longas do que deveriam — por exemplo, o trajeto do distrito financeiro para o aeroporto internacional, a uma distância de 35 quilômetros, pode chegar a demorar três horas.
“A mobilidade é um problema no Brasil”, disse Moraes. “Na Alemanha, por exemplo, você não precisa de um serviço de caronas. É conveniente, claro, mas não resolve problemas. O Brasil tem realmente um problema a resolver.”
A startup criada há cinco anos está em “modo de hipercrescimento” e conseguiu o investimento da Didi em janeiro após pedir conselhos à empresa. A participação da Softbank veio meses depois. Ambas são acionistas minoritárias e a Didi possui um assento no conselho.
Atualmente, a 99 tem mais de 200.000 motoristas em 500 cidades e 14 milhões de usuários em um país com mais de 200 milhões de habitantes. Os números podem ser comparados com os da Uber — de um ano atrás –, de mais de 50.000 motoristas e 13 milhões de usuários no Brasil. Nos últimos três meses, 15 milhões de brasileiros tomaram um Uber, que ainda opera apenas em uma pequena parcela das cidades onde a 99 está presente, tendo dobrado para mais de 60 no último ano.
O Brasil é o segundo maior mercado da Uber após os EUA, disse Guilherme Telles, gerente-geral para o Brasil. (A Uber não opera mais na China e nem na Rússia, mas possui participações em empresas que operam nesses países). A concorrência não o incomoda. De fato, ele acha que ela é positiva.
“Outras empresas veem coisas que nós não vemos”, disse Telles, em entrevista, por telefone.
Enquanto a Uber está crescendo no Brasil por meio de seu serviço de compartilhamento de corrida, em grande parte devido a áreas como a periferia de São Paulo, a 99 ainda está estudando se deve entrar no segmento. O serviço pessoal de carros está entre seus segmentos de crescimento mais rápido e os principais executivos da empresa dirigem pelo menos cinco vezes por mês. Eles nem sempre revelam quem são, mas quando o passageiro pede sua opinião sobre o trajeto Moraes acaba confessando, já que não é um profundo conhecedor de São Paulo.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.