Robeco aposta em emergentes, mas prefere Ásia a América Latina

Por Lilian Karunungan.

As bolsas de mercados emergentes continuarão superando as dos mercados desenvolvidos e a Ásia, não a América Latina, é a região que oferece as melhores oportunidades.

É esta a visão de Wim-Hein Pals, responsável por ações de mercados emergentes da Robeco Groep, em Roterdã. Governos inclinados a promover reformas, melhores perspectivas de crescimento e múltiplos menores fazem da Ásia um lugar melhor para se investir, segundo Pals. O fundo que ele administra, Robeco Emerging Markets Equities Fund, deu retorno de 32 por cento no último ano e superou 88 por cento de seus pares.

“Estamos definitivamente diante de uns dois anos de desempenho superior dos mercados emergentes em relação aos desenvolvidos”, afirmou Pals. “A trajetória de crescimento econômico estrutural é bem mais elevada na Ásia do que na América Latina.”

O MSCI EM Asia Index avançou 13 por cento neste ano, comparado a 12 por cento para o índice correspondente da América Latina. Os dois indicadores estão próximos de seus maiores níveis desde 2015.

Pals compartilhou algumas de suas opiniões em entrevista à Bloomberg na semana passada.

Por que você prefere as ações da Ásia às da América Latina?

* As nações asiáticas têm populações maiores, “o que nos dá mais espaço para aproveitar os benefícios do consumidor emergente, que é um tema importante em nossas carteiras. Temos aplicações com peso bem acima do proporcional no setor de consumo discricionário nos mercados emergentes”.

* Os múltiplos também importam. A América Latina é tradicionalmente cara. Chile e México estão entre os países mais caros em termos de múltiplos de renda variável, como as razões entre preço e lucro, preço e valor contábil, preço e fluxo de caixa.

* Melhorias estruturais estão em curso em diversos países asiáticos. A China está reformando empresas estatais e se livrando do excesso de capacidade nos setores de papel e siderúrgico. A Coreia do Sul está trabalhando em governança corporativa e eventualmente aumentará a distribuição de dividendos.

* A Robeco está cautelosa quanto ao Brasil porque o País não está barato no contexto global e porque a corrupção assombra o novo governo. A instituição tem aplicações de peso inferior ao proporcional no México, não tem aplicações no Chile ou na Colômbia, mas se revela otimista em relação à Argentina e ao Peru.

As bolsas de mercados emergentes continuarão subindo? Quais são os riscos?

* O MSCI EM Index está 25 por cento mais barato do que o MSCI World Index, comparado a uma diferença superior a 30 por cento há um ano, segundo cálculos da Robeco. O desconto pode encolher para 10 por cento.

* Mesmo sem ganhos para os ativos de mercados emergentes em todos os trimestres, 2017 será um bom ano em termos da vantagem das ações de países em desenvolvimento sobre as ações de países desenvolvidos.

* “O Fed (banco central dos EUA) tem sido ótimo para os mercados emergentes”, dado que as bolsas de países em desenvolvimento superaram as dos países desenvolvidos desde que começou o ciclo de aperto monetário. A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, está subindo os juros por causa da força da economia americana, o que é boa notícia para mercados emergentes que, até certo ponto, ainda são voltados para exportação. A redução do balanço patrimonial do Fed não prejudicará os mercados emergentes de forma significativa.

* Uma guerra comercial entre EUA e China seria um “evento improvável”. Os EUA estariam “dando um tiro no pé” se forem introduzidas as tarifas de importação de 40 por cento propostas pelo presidente Donald Trump.

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