Roubos de cobre em trens afetam mineradoras no deserto do Chile

Por Laura Millan Lombrana

Nas noites iluminadas pela lua cheia, ladrões pulam dos caminhões para os trens que atravessam o deserto de Atacama, no Chile, jogam chapas de cobre de 80 quilos no chão e desaparecem no escuro.

Essa é uma tática conhecido como “o gato” e os ladrões são “toupeiras” porque ninguém sabe de onde eles vêm e onde escondem o que saqueiam. O pior para as minas que pontilham o deserto é que os roubos estão se tornando mais comuns e mais audaciosos.

Cerca de 40 incidentes foram informados no primeiro semestre deste ano, de acordo com a promotoria de Antofagasta, contra apenas seis em 2014. Os roubos começaram a aumentar no fim de 2017, quando o cobre atingiu o preço mais alto em mais de dois anos. Os preços caíram nos últimos 30 dias, mas os ladrões parecem imunes à turbulência da guerra comercial que está abalando os mercados de metais.

“Os ataques de gangues especializadas a comboios em movimento se tornaram comuns”, disse Valeria Ibarra, coordenadora regional de segurança pública de Antofagasta, pelo telefone na quinta-feira. “Estes são profissionais. Se eles percebem que uma empresa está tomando medidas de segurança, eles passam para a seguinte.”

As chapas de cátodos de cobre roubadas são levadas para ferros-velhos ilegais e vendidas como sucata, com um desconto de 30 por cento sobre os preços de mercado, disse Ibarra.

Roubos

Um alvo comum dos ladrões é o Grupo FCAB, a unidade de logística da empresa Antofagasta Plc, que possui e opera cerca de 700 quilômetros de ferrovias usadas para transportar cátodos de cobre e cobre semiprocessado, conhecido como concentrado, das minas para os portos.

A estatal Codelco também informou roubos, de acordo com um comunicado da promotoria de Antofagasta. A Codelco não respondeu imediatamente a um pedido de comentários. As minas de cobre Spence e Escondida, da BHP Billiton, Zaldívar, da Antofagasta, Mantos Blancos, da Mantos Copper, e El Peñón, da Yamana Gold, informaram roubos menores, disseram os promotores.

“Para evitar a frequência desses roubos e proteger os trabalhadores, a empresa reforçou seus controles e medidas preventivas”, disse a FCAB em resposta por e-mail a perguntas.

O mistério das quintas-feiras

Na quarta-feira, o governo regional de Antofagasta criou um grupo de trabalho permanente que inclui a polícia, o governo, a FCAB e as empresas de mineração para abordar a questão e coordenar a vigilância e as investigações.

Uma das primeiras tarefas será resolver um mistério — por que tantos roubos ocorrem às quintas-feiras. As autoridades se perguntam se isso coincide com uma mudança dos turnos ou se tem a ver com a proximidade do fim de semana.

“A maior preocupação é com a integridade dos trabalhadores e dos seguranças, porque os criminosos estão agindo com mais violência e agressividade”, disse Ibarra. “Precisamos agir antes que seja tarde demais.”

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