Por Anatoly Medetsky e I. Almeida.
A Rússia enviou seu primeiro carregamento de trigo da história para a Venezuela, e novas remessas estão planejadas em um momento em que o país latino-americano enfrenta escassez de alimentos e filas em padarias.
Um carregamento inicial de cerca de 30.000 toneladas saiu da Rússia em 9 de agosto, segundo Nikolai Gerasimov, diretor de comércio internacional da Aston, que forneceu o grão. A remessa faz parte de um acordo da estatal russa Prodintorg para vender trigo à Venezuela na temporada 2017-2018, que começou em julho, e a empresa pode passar a enviar uma quantidade similar mensalmente, disse Mikhail Potapov, diretor-geral da empresa, por telefone.
Em junho, a empresa e a estatal United Grain assinaram acordos para enviar, cada uma, 300.000 toneladas de trigo para moagem durante a safra 2017-2018. A United Grain iniciará as entregas na segunda quinzena de agosto, despachando carregamentos de 30.000 a 33.000 toneladas por mês, informou a empresa por e-mail, na terça-feira.
Antes um dos países mais ricos da América Latina, a Venezuela atualmente é assolada por uma inflação de três dígitos e pela escassez de produtos como papel higiênico, antibióticos e alimentos. A receita do petróleo, que representa 95 por cento dos ganhos em moeda estrangeira, caiu juntamente com os preços internacionais do óleo, deixando o país sem dinheiro para as importações.
O país importou 1,2 milhão de toneladas de trigo na safra 2016-2017, um terço vindo dos EUA, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). Os carregamentos dos EUA provavelmente desaparecerão nesta temporada, mostram os números do USDA.
A Rússia nunca havia fornecido trigo ao país latino-americano, segundo a consultoria ProZerno, de Moscou. Esta venda “é muito significativa” para a expansão do comércio de trigo da Rússia, disse Vladimir Petrichenko, diretor-geral da ProZerno.
A Rússia deverá enviar mais trigo que nunca ao exterior nesta safra, tornando-se o maior exportador do grão, segundo o USDA. As taxas de frete relativamente baixas e o câmbio local barato permitiram que a Rússia exportasse a lugares distantes como México e Bangladesh nos últimos anos.
O carregamento da Aston que saiu do porto de Novorossiysk no navio Ken Goh irá para Puerto Cabello, na Venezuela, informou em seu website o Centro Federal de Avaliação da Qualidade e Segurança do Grão da Rússia.
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