Safra de soja "fenomenal" gera problemas para produtores dos EUA

Por Megan Durisin.

Os carros partiram pouco depois do amanhecer da segunda-feira passada cortando terras agrícolas de Ohio e Dakota do Sul, nos EUA. No fim da semana, os passageiros haviam percorrido sete estados inspecionando plantações e ficou claro que a projeção do governo provavelmente era precisa: a safra de soja deste ano será a maior de todos os tempos.

Diante disso, as conclusões do Pro Farmer Midwest Crop Tour, realizado anualmente, podem parecer uma boa notícia para os produtores de soja dos EUA, que mais uma vez evitaram danos severos provocados por secas e doenças. Mas a safra abundante também traz um pouco de dor de cabeça. Os produtores já estavam procurando uma maneira de reduzir um excedente doméstico em expansão e, nesse meio-tempo, as tarifas chinesas aplicadas à oferta americana reduziram a demanda a partir do maior mercado de exportação.

“Isso realmente vai colocar em evidência a necessidade de ter relações comerciais positivas e de resolver essa situação”, disse Brian Grossman, um participante da turnê que é estrategista de mercado da Zaner Ag Hedge em Chicago, em entrevista.

Mais de 100 participantes da excursão viajaram por campos lamacentos durante a maior parte da semana passada em um esforço para confirmar em primeira mão as condições das maiores plantações de soja e de milho do mundo e para compará-las com as estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), do início do mês. As conclusões alimentaram as perspectivas da Pro Farmer, organizadora da turnê, para a colheita.

A empresa informou na sexta-feira que projeta uma produção recorde de soja. A Pro Farmer estima que os rendimentos chegarão a 53 bushels por acre (4.046 metros quadrados) nesta temporada. O número representaria uma alta histórica, bateria o recorde de 52 bushels estabelecido em 2016 e superaria a previsão de 51,6 bushels divulgada pelo USDA em 10 de agosto.

As plantações da fazenda de Sherman Newlin, no condado de Crawford, Illinois, foram beneficiadas por chuvas “abundantes” nesta temporada, disse ele em entrevista.

“A soja será fenomenal”, disse Newlin, que participou do trecho oeste da turnê. Ele concorda com a avaliação da Pro Farmer de que os rendimentos provavelmente ficarão acima da previsão do USDA. “Para mim, a pilha continua crescendo.”

Nas negociações em Chicago, os futuros da soja para novembro caíram cerca de 8 por cento neste mês. O contrato caminha para a quarta queda em cinco meses em meio ao aumento da produção em um momento em que a guerra comercial EUA-China gera preocupações em relação à demanda. As negociações entre os dois países, na semana passada, terminaram sem grandes progressos.

Com expectativas de uma safra enorme e uma perspectiva sombria para as exportações dos EUA, o USDA prevê um forte salto dos estoques domésticos. Além disso, os grandes estoques podem continuar derrubando os preços, mesmo que as relações chinesas acabem descongelando, porque a oferta global também é abundante. A produção disparou nos últimos anos no Brasil, o maior exportador do mundo.

“Tarifas à parte, ainda há um grande estoque mundial de soja”, disse Brent Judisch, fazendeiro em Cedar Falls, Iowa, que também participou da excursão.

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