Samsung aumenta volume de sua ambição automotiva

Por Tim Culpan.

A Samsung Electronics realmente tem uma queda pelos carros.

Em meio aos relatos de que a Apple desistiu de suas ambições automotivas, a companhia sul-coreana está dobrando a aposta. Primeiro se interessou pela compra de uma parcela da empresa de autopeças Magneti Marelli, da Fiat Chrysler Automobiles, por mais de US$ 3 bilhões. E agora preencheu um cheque de US$ 8 bilhões pela Harman International Industries, de longe a maior aquisição já realizada pela companhia.

A Harman é mais conhecida por equipamentos de áudio de luxo, embora na verdade obtenha 45 por cento de suas receitas e 49 por cento de seu lucro operacional por meio do negócio de carros conectados, que oferece aquilo que a companhia chama de “infoentretenimento incorporado” e telemática para empresas como Porsche, Mercedes-Benz e Toyota.

Nesse contexto, e considerando a predileção da Samsung pelo negócio automotivo, comprar um punhado de nomes de empresas de áudio de ponta como Bowers & Wilkins, Harman Kardon e JBL parece ser a cereja do bolo. De fato, essas marcas, que se somam à sua divisão de áudio e estilo de vida, controlam 41 por cento do mercado de áudio automotivo de marca, disse o executivo David Lim em conferência do Wells Fargo na semana passada. E são aproximadamente tão rentáveis quanto os negócios atuais da Samsung.

Os US$ 8 bilhões em dinheiro que a Samsung está pagando parecem ser uma boa maneira de utilizar os mais de US$ 70 bilhões em liquidez que a companhia possuía em seu balanço até seis semanas atrás, enquanto o prêmio está bastante dentro das normas esperadas: o preço da transação é 28 por cento superior ao fechamento de sexta-feira em Nova York, após um aumento lento das ações nos últimos 10 dias. Considerando a média dos últimos seis meses, chega-se a 36 por cento de aumento. É menos do que a média de 43 por cento dos acordos de tecnologia avaliados em US$ 5 bilhões ou mais nos últimos dois anos.

Sinergias à parte, a Samsung está adquirindo uma companhia que possui um retorno de 15 por cento sobre as ações ordinárias. O número supera os 10,2 por cento da compradora, sem levar em conta qualquer impacto que a Samsung esteja prestes a sofrer com os desastrosos recalls do Note 7 e de suas máquinas de lavar roupa.

O esforço de diversificação da Samsung se torna ainda mais atraente à luz de seus problemas de recall. O fato de os executivos conseguirem negociar esse acordo no momento em que estão lidando com uma grande crise em outro setor mostra que a companhia está se planejando apesar do drama de curto prazo para construir um futuro a longo prazo. Se puder executar a aquisição corretamente, haverá todos os motivos para acreditar que isso será como música para os ouvidos dos acionistas.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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