Samsung precisa reconquistar confiança após recall de Note 7

Por Jing Cao e Yoolim Lee.

Agora que o recall do Galaxy Note 7, o smartphone da Samsung sujeito a explosões, é oficial nos EUA, a empresa pode começar a se concentrar na difícil tarefa de reconquistar a confiança dos consumidores.

A Samsung revelou um programa internacional de substituição dos aparelhos de tela grande há duas semanas, mas o recall formal, feito pelos órgãos reguladores de segurança dos EUA, é mais complexo porque torna ilegal a venda dos aparelhos afetados e estipula outras diretrizes. Superado esse obstáculo, e com o início da substituição dos aparelhos dentro de poucos dias, a empresa com sede em Suwon, Coreia do Sul, agora precisa lidar com as consequências.

“Agora vem a parte difícil, recuperar a confiança de consumidores e investidores”, disse Kim Sang-Jo, professor de economia da Universidade Hansung em Seul. “O que eles farão a partir de agora definirá a Samsung. Tudo depende de como eles vão lidar com essa situação”.

Dos 2,5 milhões de telefones Note 7 distribuídos, cerca de 1 milhão foram vendidos nos EUA, informou a Comissão de Segurança dos Bens de Consumo (CPSC, na sigla em inglês) em comunicado na quinta-feira. Foram registrados cerca de 92 casos de superaquecimento da bateria, 26 deles envolvendo queimaduras e 55 com danos à propriedade, informou o órgão.

“Como esse produto representa um risco de incêndio muito grave, peço que todos os consumidores aproveitem o recall imediatamente”, disse Elliot Kaye, presidente do conselho da CPSC, em entrevista coletiva.

Os clientes que compraram um Note 7 antes de 15 de setembro devem deixar de usá-lo imediatamente e desligar o aparelho, informou a CPSC. O órgão aconselhou que os consumidores entrem em contato com sua operadora ou com uma loja da Samsung para receber gratuitamente um telefone novo com outra bateria, um reembolso ou um aparelho substituto. Dos telefones vendidos nos EUA, 97 por cento apresentam o defeito da bateria; proprietários do Note 7 podem acessar o site da Samsung para verificar, com o número de série, se seu aparelho entra no recall.

Os novos telefones substitutos estarão disponíveis na maioria das lojas nos EUA a partir de 21 de setembro, informou a empresa em outro comunicado.

A Samsung foi criticada pela falta de diretrizes e por ter anunciado seu próprio programa de substituição no dia 2 de setembro, em vez de ter trabalhado junto com a CPSC desde o princípio para emitir o recall formal. Embora tenha preferido não comentar especificamente as atitudes da Samsung, Kaye disse que a ação do governo às vezes pode ser demorada quando uma empresa decide anunciar um recall sem ter consultado primeiro os órgãos reguladores.

“De forma geral, eu diria que agir por conta própria não é uma receita de sucesso para um recall”, disse ele.

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