Por Katie Linsell.
O Santander entrou para a lista de bancos que testam a emissão de dívidas usando a tecnologia de moedas digitais.
O banco espanhol emitiu um título de US$ 20 milhões diretamente no blockchain Ethereum, e a dívida existirá até o vencimento em um ano, segundo comunicado. O título foi vendido na forma de tokens digitais e resgatado em dinheiro.
Embora uma unidade do banco espanhol tenha sido a única compradora, a emissão representa um passo significativo para a automação do mercado de títulos. Emissores corporativos estão mais interessados em blockchain – que surgiu como o software usado para as negociações com o Bitcoin – e na chamada tokenização para cortar custos e acelerar as vendas em um dos segmentos mais tradicionais do mercado financeiro.
O banco francês Société Générale vendeu 100 milhões de euros (US$ 110 milhões) em títulos garantidos por tokens digitais no início do ano e os registrou no blockchain Ethereum. O Banco Mundial também utilizou tecnologia semelhante para uma oferta de títulos, enquanto a operadora espanhola Telefónica e a montadora alemã Daimler usaram o recurso para outros tipos de emissão de dívidas.
Mas a automação e o uso do blockchain ainda engatinham nos mercados de dívida. O título do Santander não estava listado em bolsa e tampouco disponível para múltiplos investidores. Também não há mercado secundário para negociar esses títulos.
Ainda assim, o Santander antecipa um maior uso de ativos digitais com a modernização do mercado de capitais, segundo John Whelan, responsável do banco de investimento digital do Santander.
“Vai levar tempo para todos os elementos se unirem, mas muitas partes do setor financeiro estão trabalhando nisso e faz parte do movimento rumo ao mercado de capitais automatizado”, disse. “Não vai acontecer amanhã, mas inegavelmente acontecerá com o tempo.”
O Santander foi assessorado pela Allen & Overy e pela startup Nivaura, uma fintech londrina que busca automatizar emissões de títulos de dívida. O Santander e a A&O estavam entre os investidores de capital semente que injetaram US$ 20 milhões na Nivaura no início do ano.