Por Fabiana Batista e Gerson Freitas Jr.
A São Martinho, uma das maiores exportadoras de açúcar do Brasil, está se posicionando para uma desvalorização maior do real.
A empresa acredita que a moeda, que já caiu cerca de 12 por cento em relação ao dólar neste ano, enfrentará mais quedas, alimentadas pela incerteza em relação às eleições de outubro. Isso provavelmente criará oportunidades para que a São Martinho realize hedge das exportações futuras a taxas de câmbio que gerarão mais reais, disse o diretor financeiro da empresa, Felipe Vicchiato. As exportações de commodities normalmente têm preços fixados em dólares.
A São Martinho informou na segunda-feira que toda a sua dívida denominada em dólar com vencimento no ano que vem foi refinanciada. Como resultado, a empresa agora tem espaço no balanço para fazer hedge contra as taxas de câmbio e os preços do açúcar para metade de suas exportações de 2019 nos próximos meses, disse Vicchiato, em entrevista, em seu escritório, em São Paulo.
“Nossa estratégia é aproveitar a volatilidade cambial deste ano eleitoral”, disse Vicchiato, acrescentando que também espera alguma volatilidade nos preços do açúcar uma vez que a queda da produção de açúcar do Brasil ainda não foi totalmente considerada nos preços futuros. A empresa acelerará as vendas antecipadas se os preços do açúcar em moeda local chegarem a R$ 1.500 (US$ 397) por tonelada, contra níveis atuais próximos a R$ 1.150, disse.
A São Martinho provavelmente esmagará 20,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na temporada 2018-2019, disse Vicchiato. O total é menor do que o potencial de esmagamento de 23 milhões de toneladas, que poderia ter sido alcançado se o clima seco não tivesse prejudicado alguns canaviais. A produção de açúcar na região Centro-Sul do Brasil pode cair para 28 milhões de toneladas, contra 36 milhões de toneladas na safra passada, disse.
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