Por Vinícius Andrade e Josue Leonel.
O Banco Central deve iniciar a desaceleração do ritmo de cortes da taxa básica de juros na reunião do Copom da próxima semana, um ano após o começo do ciclo de alívio monetário, em outubro de 2016. A Selic deve recuar de 8,25% para 7,5%, no menor nível em mais de 4 anos, e se aproximar ainda mais da mínima histórica de 7,25%. Analistas do mercado veem o corte de 0,75 ponto percentual bem telegrafado, diante de comunicações recentes do BC e evolução do cenário básico. A dúvida está nos passos futuros.
Para a reunião de dezembro, a precificação do mercado de juros caminha para um corte de 0,50 pp, apesar de alguns analistas não descartarem a manutenção do ritmo de redução de 0,75 pp. Investidores se mostram mais divididos em relação ao primeiro encontro do Copom de 2018, sobre possibilidade de o Banco Central promover novo corte em fevereiro ou manter a taxa inalterada, configurando o fim do ciclo de flexibilização.
Existe quase um consenso de que a fase mais baixa da inflação ficou para trás. Mesmo assim, o cenário continua bastante benigno e, da última reunião do Copom para cá, a projeção para IPCA no final de 2018 recuou para perto de 4% em pesquisa semanal Focus. Quanto à atividade econômica, uma pequena melhora em termos de crescimento chegou a animar parte do mercado em determinado momento, mas a leitura permanece sendo de processo de recuperação bastante gradual. Dado o hiato do produto significativo, questão não deve afetar condução de política monetária.
“Acho difícil prever qualquer coisa diferente do corte de 0,75 ponto percentual e discussão fica mesmo sobre o que esperar para as próximas reuniões, se o Banco Central continua cortando em 2018”, diz David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, em entrevista por telefone. Segundo ele, na dúvida, BC pode optar por manter a frase de ’redução moderada’ no comunicado, o que levaria mercado a apostar em corte de 0,50 pp em dezembro.
Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, um corte de 0,75 pp está “bastante claro” para este Copom, mas ainda está em aberto se próxima queda será de 0,75 pp ou de 0,50 pp. “O que vai definir se o BC vai cortar para 7% ou para 6,75% é a inflação corrente”, diz. A economista tem projeção de taxa final a 7%, mas, se inflação continuar surpreendendo positivamente, “não dá para descartar” que Selic caia abaixo desse nível.
Tanto o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, quanto diretores fizeram declarações reforçando a comunicação dada pela última ata e comunicado, dizSérgio Goldenstein, sócio da Flag Asset e ex-chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC. “O balanço de riscos desde o último Copom não teve alterações significativas e, após recuo de projeções pela Focus, projeções do BC para IPCA do ano que vem devem recuar.”
Não necessariamente o comunicado do Banco Central deve responder à pergunta em relação à extensão ou não do ciclo para 2018, segundo Gustavo Rangel, economista do ING para a América Latina, em Nova York. Contudo, o Copom pode adicionar um condicionante à continuidade dos cortes, como algum tipo de avanço na questão fiscal.
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