Selic sob Ilan pode quebrar recorde de baixa de Tombini

Por Josue Leonel.

Paralelamente ao aumento das apostas em um corte maior da Selic no Copom deste mês, os economistas de algumas das maiores instituições do mercado também estão reduzindo as projeções para o nível dos juros no final do atual ciclo de distensão monetária para entre 8% e 7%. Com isso, o processo de cortes iniciado pelo Banco Central em outubro do ano passado, já sob o comando de Ilan Goldfajn, levaria a taxa básica para níveis próximos ou até inferiores ao recorde de baixa anterior.

Contratos de juros futuros projetam uma taxa Selic em 8,25% no final deste ano, apenas 1 ponto acima do recorde de baixa de 7,25% de 2012, quando o BC era comandado por Alexandre Tombini, no governo Dilma Rousseff. Economistas de vários bancos, porém, estimam taxas ainda menores do que aquelas precificadas pelos contratos. O BNP Paribas cortou para 7%, de 8% anteriormente, a projeção para a Selic este ano, mesmo nível esperado pelo banco Fibra. O banco francês cita declínio da inflação, menor expansão fiscal, crédito contracionista e progresso na reforma da Previdência para justificar o corte da projeção.

O Banco Safra também cortou a projeção de Selic no fim do ciclo de 8% para 7%, patamar a ser alcançado no primeiro semestre de 2018. O maior risco para o corte de juros seria a não aprovação da reforma da Previdência, que poderia ter efeitos no risco Brasil e câmbio, diz o economista do banco, Carlos Kawall.

Maior banco privado brasileiro, o Itaú prevê que taxa Selic chegará a 7,5% já em outubro e permanecerá nesse patamar até o final de 2018, ante estimativa anterior de 8,25%. Para o Bank of America, a Selic no final deste ano também será de 7,5%. Bradesco cortou taxa básica estimada de 8,5% para 8% no fim deste ano.

Os dados de atividade de curto prazo mais fracos do que o antecipado, resultados de inflação “muito bem-comportados”, queda contínua nas expectativas de inflação e a comunicação do BC justificam alteração na estimativa para a taxa de juros, disse o Itaú em relatório divulgado na segunda-feira e assinado pelo economista-chefe Mário Mesquita.

No próximo Copom, o BC deverá promover o sexto corte consecutivo da taxa básica, de 11,25% para 10%, segundo apontam os contratos de juros futuros. Até o começo deste mês, o mercado ainda via maiores chances de o BC manter o ritmo de corte de 1 pp. Muitos analistas condicionam juros menores à aprovação da PEC da Previdência; porém, para Tony Volpon, ex-diretor do BC e economista do UBS, o BC não deve ficar amarrado especificamente ao calendário da reforma. É preciso fazer um julgamento do andamento do projeto no Congresso para calibrar o balanço de riscos na decisão do Copom, mas sem atrelar a aprovação a uma semana ou outra, diz Volpon.

Com a atual política fiscal restritiva, é necessário que ocorra a redução da taxa de juros real a níveis abaixo do seu patamar neutro para a recuperação da atividade econômica, disse o banco Fibra em relatório no dia 15. O Banco espera corte de 1,25 pp este mês e taxa de 7% no fim do ano.

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