Senado do Brasil lança tábua de salvação a Dilma antes de protestos

Por Arnaldo Galvão.

O presidente do Senado do Brasil concordou em ajudar a presidente Dilma Rousseff a impedir as tentativas do Congresso de atrapalhar seu plano de recuperação econômica, lançando uma tábua de salvação a ela em um momento em que a crise política ameaça a estabilidade do governo.

Em troca de apoio para aprovar projetos de lei aos quais o Partido dos Trabalhadores (PT), de Dilma, se opõe, como as leis trabalhistas mais flexíveis, Renan Calheiros disse que se posicionará contrariamente às tentativas de aumentar o gasto público. Sua oferta surge antes das marchas nacionais contra a presidente, programadas para domingo.

Renan Calheiros disse que a renovação de seu diálogo com o governo foi uma questão de “interesse nacional” e não simplesmente uma tentativa de reaproximação ao governo.

“É a defesa do interesse nacional, é isso que precisa ser garantido neste momento”, disse ele a repórteres, após uma reunião com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Se o Brasil perder, todos nós perderemos”.

Desde que os pedidos de impeachment voltaram a ganhar impulso, nas últimas duas semanas, Dilma e o vice-presidente Michel Temer retomaram as reuniões com parlamentares para construir uma aliança forte o suficiente para evitar ataques da oposição.

Dilma intensificou as aparições públicas para alardear suas conquistas e exortou os brasileiros a rejeitarem a política do “qualquer coisa serve”. Em entrevista ao canal de televisão SBT, na quarta-feira, ela disse que a intolerância no Brasil cresceu, mas descartou a possibilidade de “golpes”.

“Eu não vejo um golpe como possível no Brasil no momento”, disse Dilma. “Divergências não podem levar à derrubada de um presidente eleito”.

Passo importante

A jogada de Renan Calheiros é “o primeiro passo importante para a aprovação do ajuste fiscal e a defesa do mandato da presidente Dilma”, disse Rafael Cortez, analista político da empresa de pesquisa Tendências. “É um primeiro passo para evitar novas derrotas para o governo”.

O presidente do Senado disse na quarta-feira que uma de suas principais metas é ajudar a evitar a perda do status de grau de investimento do Brasil.

“Esse é o objetivo principal de todos nós”.

Renan Calheiros, que preside o Senado desde 2013, queria levar a votação, na noite de quarta-feira, uma proposta do governo que aumenta os impostos corporativos. Se esses impostos forem aprovados, isso mostraria que as negociações entre os parlamentares e o governo para a reconstrução da base aliada avançaram, disse Cortez. Renan Calheiros é membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o maior partido aliado, conhecido como PMDB.

No início do ano, Renan Calheiros foi peça central de derrotas importantes do governo, como a aprovação de salários mais altos para juízes e funcionários do Judiciário, uma medida que poderia custar R$ 25 bilhões (US$ 7,2 bilhões) ao longo de quatro anos. Dilma vetou o projeto de lei e o Congresso ainda não programou uma votação para decidir se sustentará o veto.

“Desde a semana passada estamos todos atrás de um amplo entendimento”, disse Temer a repórteres na quarta-feira após uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes do PMDB.

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